Beleza rara e colorido intenso

Foto: Valquir Aureliano/O Estado

Esse tipo de peixe costuma viver principalmente em poças d’água de arrozais e em pequenas plantações. continua após a publicidade

Para quem gosta de aquarismo, mas é inexperiente no assunto e não tem muito dinheiro para investir em aquários de grande porte, uma ótima dica é comprar um peixinho betta (Betta splendens). Tido como um dos peixes mais populares do mundo, ele costuma dar pouco trabalho e tem baixo custo tanto de aquisição quanto de manutenção.

De beleza rara e colorido intenso, os bettas são originários da China e da Tailândia. Eles vivem em água doce, mas ao contrário do que muita gente pensa não são peixes de rio. Costumam viver em poças d?água de arrozais e pequenas plantações.

Em cativeiro, se adaptam bem a aquários pequenos, com capacidade a partir de dois litros de água (as chamadas betteiras). São resistentes às condições de água, tendo na cabeça um órgão chamado labirinto, que lhes permite assimilar o oxigênio do ar. Como outros peixes, possuem guelras, o que faz com que eles também possam utilizar o oxigênio da água.

"No aquário deve ser colocada água da torneira, com temperatura entre 26ºC e 30ºC, e nunca água mineral ou de aquecimento central. Para que o betta sobreviva, deve ser misturado um condicionador de água próprio que elimina o cloro e fixa metais pesados", comenta o consultor em aquarismo e proprietário do aquário Flora e Fauna, em Curitiba, Wander Nascimento.

Cada betteira deve abrigar um único peixe. Nunca dois bettas machos devem ser colocados num mesmo ambiente, pois eles são extremamente territorialistas e vão brigar até a exaustão. A luta geralmente resulta na morte dos dois animais, que saem extremamente fracos e machucados. Já as fêmeas geralmente podem ser mantidas juntas, mas desde que em ambiente espaçoso e quando acostumadas desde pequenas.

"Muita gente acredita que os bettas são peixes de briga, o que é falso. Na verdade, eles lutam por espaço, sendo que na natureza costumam viver em ambientes bastante pequenos e hostis. Em aquários grandes, os bettas machos podem ser mantidos com outras espécies de água doce sem problemas. Eles irão conviver com os outros de maneira tranqüila e pacífica."

Em alguns países, criadores mal intensionados costumam juntar dois bettas machos em ambientes pequenos para vê-los lutar. Alguns chegam a promover verdadeiras rinhas, onde pessoas apostam para saber quais dos dois animais será o vencedor, conseguindo sobreviver por um período maior de tempo. No Brasil, felizmente, esta prática não é comum, pois provoca muito sofrimento aos animais.

Machos e fêmeas

Tanto os Bettas machos quanto as fêmeas medem entre 5 e 7 centímetros de comprimento (desconsiderando a cauda). Porém, é bastante fácil diferenciar uns dos outros. Os machos costumam ser bem mais bonitos e, por isso, mais procurados como animais de estimação ou peixes ornamentais. Ao contrário das fêmeas, eles possuem longas caldas ao longo do corpo e, ao abri-las, proporcionam um verdadeiro espetáculo aos olhos dos proprietários.

Embora também existam fêmeas de cores variadas, os machos geralmente possuem coloração muito mais viva e intensa. As cores mais comuns costumam ser o azul (turquesa ou royal), o vermelho sangue e o mármore. Porém, também existem indivíduos pretos, amarelos, verdes e brancos. 

Peixe de fácil manejo, porém requer cuidados

O betta é um peixe de fácil manejo. Porém, isto não quer dizer que ele não necessite de atenção especial. O primeiro cuidado deve ser tomado no momento da aquisição do animal. De acordo com o proprietário do Aquallun, também na capital, Sandro Di Federico, não basta apenas escolher a cor e o tamanho do bichinho.

"O comprador deve analisar se o peixe vem quando é chamado com os dedos, se está com as nadadeiras abertas, se não tem problemas de escamas e se os olhos não estão inchados. Se estas características não forem detectadas, é sinal de que o animal é saudável", afirma.

Em casa

Ao chegar com o betta em casa, não é indicado colocá-lo em nova água de forma brusca, pois isso pode fazer com que ele sofra um choque devido a mudanças de temperatura e PH. Na maioria das vezes, os peixes são entregues pelos lojistas aos novos proprietários dentro de saquinhos plásticos com água. O mais indicado é colocar o saquinho dentro do aquário sem soltar o peixe, permitindo que um pouco da nova água entre. Apenas após quinze ou vinte minutos o animal deve ser solto.

Como os aquários de betta geralmente não possuem filtro, é indicado que pelo menos 50% da água utilizada seja trocada uma vez por semana. A dica é tirar metade da água e colocar num copo ou qualquer outro recipiente limpo. Na seqüência, o peixe deve ser pego com uma redinha e colocado no mesmo recipiente. Depois, é preciso jogar fora o restante da água que ficou no aquário, eliminar detritos que existam nas pedrinhas normalmente colocadas no fundo e colocar uma nova água. Esta deve estar em temperatura semelhante à antiga. Por isso, é importante manter um termômetro no aquário. Nos dias frios, também pode ser necessária a utilização de aquecedor especial.

Alimentação

Os bettas devem comer de duas a três vezes ao dia, em quantidades de alimento que possam ser ingeridas num período de dois a três minutos. O consultor em aquarismo Wander alerta que os peixes costumam sofrer bastante devido a problemas intestinais. Por este motivo, é indicado fornecer-lhes rações macias e nunca bolinhas duras. Como na natureza eles comem larvas de mosquito, também são comercializadas larvas secas (de mosquitos e pulga d?água), que podem ser fornecidas como complemento.

É normal que o betta não se alimente nos primeiros três dias após a compra. Isto geralmente acontece devido ao estresse causado pela mudança de ambiente. Após o período de adaptação, ele começa a comer normalmente. "Os proprietários nunca devem deixar sobras de comida na superfície do aquário. Quando isto acontece, a ração apodrece e prejudica a qualidade da água", diz Sandro.

Doenças

O betta é considerado um peixe bastante resistente, vivendo por um período médio de dois anos. As doenças que o afetam normalmente são causadas por ectoparasitas, adquiridos quando o animal é mantido em baixa temperatura. Quando o bichinho não está bem, os sintomas principais são: perda de apetite, falta de disposição para nadar e nadadeiras fechadas. Os problemas são tratados com medicamentos próprios e as chances de cura são grandes quando os remédios são acrescentados à água em fase inicial.

Outro problema comum é uma inflamação de olho (pop-eye) que faz com que o animal fique com apenas um ou ambos os olhos inchados. O mal geralmente aparece devido a desgaste físico e emocional. Acontece por excesso de manuseio, sendo comum em peixes de crianças, que costumam ficar mexendo no aquário a todo momento.

Reprodução simples e que rende dinheiro

A reprodução dos peixinhos betta é considerada bastante simples e rende um dinheiro extra aos aquaristas. Wander Nascimento explica que o primeiro passo é colocar um animal macho num aquário de aproximadamente dez litros. Na seqüência, a fêmea deve ser colocada num aquário menor que deve ser introduzido no aquário onde se encontra o macho. Em ambos os recipientes, a temperatura da água precisa variar de 28ºC a 30ºC.

"O macho vai ficar observando a fêmea dentro do aquário menor e se gostar dela vai começar a construir um ninho de bolhas na superfície. Quando a fêmea estiver listrada na vertical, é sinal de que está pronta para desovar. Nesta hora, ela deve ser retirada do aquário menor e colocada com o macho no recipiente maior", esclarece o consultor em aquarismo.

Quando os dois animais se encontram, realizam um verdadeiro ritual de acasalamento, que pode lembrar uma dança. Depois que os ovos são colocados (a quantidade varia de duzentos a setecentos), a fêmea deve ser retirada para que não seja morta pelo macho. É ele que irá cuidar dos ovos – cuja eclosão acontece num período que varia de 24 a 48 horas – e também dos filhotes.

Quando os pequeninos começam a nadar sozinhos, devem ser afastados da companhia do pai (que pode devorá-los) e colocados em aquários individuais. Existem rações própria para serem fornecidas como alimento aos filhotes.