A BBC pediu desculpas públicas após um de seus repórteres ter revelado detalhes de uma conversa privada que teve com a rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido.
Frank Gardner dava uma entrevista à rádio BBC 4 quando comentou que, em uma conversa com a rainha há alguns anos, a monarca tinha expressado preocupação com o fato do clérigo radical Abu Hamza ainda não ter sido preso após incitar em seus sermões, na mesquita de Finsbury Park, o assassinato de não-muçulmanos e judeus. Ela teria dito ao repórter que iria conversar sobre o assunto com o ministro do Interior do país.
“Posso dizer que a rainha estava muito chateada por ele ainda não ter sido preso. Ela não conseguia entender por que não havia maneira de prendê-lo -certamente ele havia desrespeitado alguma lei. No final, ela estava certa. E ele acabou sendo condenado e sentenciado por sete anos por incentivar assassinatos e ódio racial”, disse Gardner durante a entrevista.
A convenção geral para os repórteres que tem a oportunidade de conversar com a rainha é que tudo o que é dito por ela deve permanecer fora de registro. Ou seja, não deve ser publicado nem divulgado.
A entrevista com Gardner comentava a decisão da Corte Europeia de Direitos Humanos, que negou na segunda a última apelação possível de Hamza para que ele não fosse deportado aos EUA. Ele foi preso no Reino Unido em 2004.
Em comunicado, a BBC disse que o repórter “estava muito arrependido pelo constrangimento causado ao Palácio Real” e pediu desculpas.
O clérigo radical enfrenta nos EUA 11 acusações, entre elas uma por sua suposta participação no sequestro de 16 turistas ocidentais no Iêmen em 1998, que acabou com a morte de quatro reféns.
As autoridades americanas também o acusam de organizar nos EUA um campo de treinamento para formar combatentes para lutar na guerra do Afeganistão em 2001 e de prestar apoio à rede terrorista Al Qaeda.