Batuta cibernética

Um coral filarmônico com mais de uma centena de vozes, um repertório erudito de peso e a possibilidade de se apresentar nos lugares mais diversos ao som de uma portentosa orquestra sinfônica. É o sonho que o maestro Rui Costa pretende realizar em Curitiba, onde chegou há alguns meses, fugindo da violência em Campinas. Os coralistas até que não são difíceis de encontrar, as partituras clássicas muito menos, mas… e a orquestra? Eis o diferencial do projeto do maestro: ele é o único do País que comanda uma orquestra virtual, a partir do seu computador, um teclado de piano e um sampler.

Com a experiência acumulada no Coral da Filarmônica de Londres (com quem gravou no estúdio Abbey Road), e depois de 10 anos à frente do Coral Filarmônico de Campinas, Rui explica: “Eu pego uma partitura para coral e orquestra e, com a ajuda de um teclado de piano, jogo no computador”. Em seguida, com o sampler (que contém uma “biblioteca” de sons digitalizados), o maestro reproduz a parte de cada instrumento, um a um. “Então me dedico à interpretação, equalizando a intensidade e as características de cada instrumento. Se quero mais força nas flautas, eu assinalo um valor, calculo a respiração, altero o andamento, mas sempre da maneira mais fiel possível à linguagem do compositor”, exemplifica. Com a parte da orquestra pronta, passa a ensaiar com o coral. “Nos corais convencionais, a gente só consegue ensaiar com um pianista; com o computador, é como se a orquestra estivesse presente em todos os ensaios”.

Antes que os mais ortodoxos fiquem arrepiados e os músicos temam por seus empregos, o maestro esclarece não ter nada contra orquestras “reais”: “Sou fascinado por orquestra, eu adoraria reger a Orquestra Sinfônica do Paraná, por exemplo”, afirma. “Não pretendo que o computador `substitua’ os músicos. Uma coisa não elimina a outra: se você quer fazer um concerto de gala e tem verba suficiente, nada melhor do que uma orquestra de verdade. O espetáculo fica muito mais belo, com muito mais pompa”, considera. “Agora, se você tiver que fazer uma apresentação beneficente na Igreja do Batel, por que não montá-la com a mesma qualidade musical?”.

Segundo ele, seria uma maneira de democratizar o acesso aos grandes clássicos, executados de forma impecável. Outra vantagem é que o computador não “fura”: “Na orquestra real, os músicos faltam, ou não conseguem executar a partitura da maneira que a gente quer… na virtual não corremos esse risco”. Sem falar na economia: “Se levarmos em consideração transporte, seguro dos instrumentos, cachê e hospedagem dos músicos, esse processo barateia cada espetáculo em cerca de 70%”.

Inscrições abertas

Rui Costa está selecionando cantores para o coral filarmônico que pretende montar em Curitiba. Os alunos terão aulas de uma hora e meia de técnica vocal e estruturação (leitura de partitura), além de um ensaio geral por semana, por 30 reais mensais. O único pré-requisito é o interesse e o potencial musical – “ter um mínimo de afinação”, traduz. Por enquanto, a sede do coral vai funcionar na casa do maestro, à Rua Rolfe Mertens, 424. Interessados devem entrar em contato pelo telefone (41)584-1055.

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