A violência marca as eleições nacionais realizadas neste domingo em Bangladesh. A polícia fez disparos contra manifestantes que fazem boicote ao pleito e ativistas de oposição atearam fogo a mais de 100 sessões eleitorais, o que resultou na morte de pelo menos 11 pessoas.
A recusa do primeiro-ministro Sheikh Hasina de atender à exigência da oposição de deixar o cargo e indicar um governo interino neutro para supervisionar a eleição levou ao boicote, o que prejudica a legitimidade do pleito. Ativistas de oposição vêm realizando ataques, greves e bloqueios nos transportes em ações que já deixaram pelo menos 286 mortos desde o ano passado.
Meios de comunicação locais informaram que pelo menos 127 escolas, usadas como sessões eleitorais, foram incendiadas em Bangladesh em ataques realizados durante a noite.
Na tarde deste domingo (horário local), o comparecimento às urnas parecia estar baixo. As urnas foram abertas às 8h, mas emissoras locais de televisão mostravam que a maioria das sessões estava vazia.
“O boicote de vários partidos pode ter contribuído para o baixo comparecimento às urnas”, declarou o comissário chefe eleitoral Kazi Rakibuddin Ahmad a jornalistas, em seu escritório em Daca.
A União Europeia (UE), os Estados Unidos e a Comunidade Britânica de Nações (Commonwealth) não enviaram observadores, pois consideram a eleição uma fraude. A vice-porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Marie Harf, disse que Washington está desapontado com o fato de que os principais partidos políticos do país não terem chegado a um consenso para realizar eleições livres e justas.
No meio da manhã deste domingo, a votação foi suspensa em pelo menos 149 sessões eleitorais por causa de ataques, informou a comissão eleitoral.
Analistas dizem que o caos político pode piorar ainda mais os problemas econômicos enfrentados pelo país, de 160 milhões de habitantes, e levar à radicalização.
A recusa de Hasina em deixar o cargo e indicar um governo interino, o que resultou no boicote dos partidos de oposição, significa que a eleição se tornou uma disputa entre candidatos do partido governista, a Liga Awami, que concorrem sem adversários de outras legendas para a maior parte das 300 cadeiras do Parlamento.
Bangladesh tem um histórico sombrio de violência política que inclui o assassinato de dois presidentes e 19 tentativas de golpe desde a independência do Paquistão, em 1971. Fonte: Associated Press.