O julgamento em massa de 28 profissionais de saúde do Bahrein, que prestaram socorro a manifestantes contrários ao governo, foi retomado hoje num tribunal especial de segurança. O processo contra os 28 médicos e enfermeiros que foram acusados de participar da tentativa de derrubar a monarquia bareinita sinaliza que os governantes sunitas do reino não pretendem encerrar a repressão contra a oposição xiita apesar dos pedidos de diálogo.
A declaração do rei Hamad bin Isa Al Khalifa foi recebida com frieza pelos líderes xiitas, que exigem que as autoridades revertam as medidas e suspendam os julgamentos contra os ativistas. Relatos de abusos contra o principal líder dos direitos humanos do país, detido desde abril, prejudicou ainda mais a disposição da oposição em iniciar as negociações, que devem começar na sexta-feira.
O ativista Abdulhadi al-Khawaja foi condenado na semana passada por um tribunal especial de segurança por apoiar manifestantes contrários ao governo e sentenciado à prisão perpétua juntamente com outros sete líderes opositores. O ativista Nabeel Rajab disse hoje que al-Khawajah foi severamente espancado na prisão após a decisão do tribunal e levado a um hospital militar para tratamento. Autoridades bareinitas não falaram sobre o assunto.
O governo sunita do Bahrein impôs, em março, um estado de emergência para conter a onda da manifestações xiitas no reino insular aliado do Ocidente e que abriga a 5.ª Frota Naval dos Estados Unidos. Os xiitas representam cerca de 70% da população bareinita, mas reclamam de descriminação, como a proibição de ocuparem altos postos no Exército e no governo.
Pelo menos 31 pessoas foram mortas e centenas de partidários da oposição, líderes e profissionais como médicos e advogados foram presos. Durante o pico do levante, forças de segurança cercaram o principal hospital estatal do Bahrein, que prestava atendimento a manifestantes feridos, e depois tomaram o Complexo Médico de Salmaniya.
Os médicos e enfermeiras também foram acusados de participar de manifestações ilegais, de prejudicar a população ao espalhar informações falsas e de negar atendimento a vários pacientes sunitas. Uma nova audiência sobre o caso está marcada para 6 de julho. As informações são da Associated Press.