Bahrein abre diálogo com presença de xiitas

O comando sunita do Bahrein abriu um “diálogo nacional” hoje, voltado a realizar reformas, após reprimir violentamente em março protestos liderados pela maioria xiita. A iniciativa ganhou força com a decisão do principal bloco xiita do país de participar.

O presidente do Parlamento, Khalifa Dhahrani, disse na sessão de abertura, transmitida ao vivo na televisão estatal, que o diálogo “não teria precondições nem limite” para as demandas que poderiam ser levantadas pelos delegados. Segundo ele, a intenção é buscar “princípios comuns para o relançamento do processo de reformas política”.

As autoridades sunitas enfrentam pressão de seus aliados do Ocidente para abrir um diálogo com a oposição xiita, após a repressão aos protestos iniciados em meados de março com ajuda militar dos vizinhos do Golfo Pérsico. A repressão oficial gerou críticas de grupos pelos direitos humanos internacionais. O rating do crédito do país foi rebaixado e os distúrbios também provocaram o cancelamento do Grande Prêmio do Bahrein de Fórmula 1.

O principal bloco xiita de oposição, Associação Acordo Nacional Islâmico (Al-Wefaq), uniu-se ao diálogo depois de um longo debate interno sobre se deveria participar. A decisão foi tomada apenas no final da sexta-feira.

Um graduado membro da Al-Wefaq, Khalil al-Marzoug, disse que seu grupo manterá a demanda para que no futuro o primeiro-ministro seja apontado pelo principal bloco do Parlamento, informou o jornal diário Al-Wasat, da capital Manama, neste sábado.

O atual primeiro-ministro, xeque Khalifa bin Salman al-Khalifa, é um tio do rei Hamad. O premiê está no cargo desde 1971, quando o país se libertou da Grã-Bretanha, e é odiado pela oposição. “Nós não queremos sabotar o diálogo, mas queremos sim trazer as demandas do povo”, disse Marzoug.

O líder do movimento oposicionista, Ali Salman, exigiu na sexta-feira a libertação de todos os presos políticos. As forças de segurança detiveram centenas de pessoas, em uma onda de repressão aos protestos. A maioria dos presos é xiita.

Um país pequeno, porém estratégico, o Bahrein abriga a Quinta Frota dos EUA. A repressão oficial deixou 24 pessoas mortas. O bloco Al-Wefaq ameaçou não dialogar com o governo, pelo fato de ter de enviar apenas cinco de seus 300 delegados para essas conversas, mas por fim mudou de ideia. Todos os 18 parlamentares do grupo renunciaram em março, reagindo contra a repressão.

Após a abertura formal do diálogo neste sábado, os delegados devem se encontrar três vezes por semana. Eles discutirão não apenas a reforma política, mas uma série de assuntos econômicos e sociais. Líderes xiitas acusam as autoridades sunitas de manter uma política de conceder cidadania para expatriados sunitas, a fim de alterar o balanço religioso no país. As informações são da Dow Jones.

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