Em seu primeiro pronunciamento desde o desaparecimento do Airbus A330-200 da Air France, o Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA, na sigla em francês) da França afirmou ontem que o avião estava em perfeitas condições técnicas antes de decolar. É a primeira certeza de um caso complexo, que pode terminar sem respostas. “Não sabemos sequer a hora exata do acidente”, disse Paul-Louis Arslanidan, diretor do BEA.
O BEA já trabalha na investigação há 72 horas, com quatro equipes. A primeira participa das pesquisas em alto-mar, a segundo está encarregada de apurar o histórico e as condições de manutenção do avião, outra estuda como se dava o uso do aparelho, e a última já vem investigando os sistemas e os equipamentos do avião, além das mensagens automáticas enviadas durante quatro minutos, a partir das 4h10min (23h10 no horário de Brasília), quando se supõe que tenha ocorrido o acidente. Dois membros dessa última equipe foram enviados ao Brasil e atuam com as autoridades brasileiras.
Sobre os indícios revelados pelas mensagens automáticas, Arslanidan afirmou que são “provavelmente verdadeiros”, mas pediu “muito cuidado” com a interpretação. Detalhes da trajetória do voo – como a suposta manutenção dos 35 mil pés de altitude durante a travessia do Atlântico, 2 mil pés a menos que o previsto – vêm sendo analisados. Arslanidan aguarda a localização das caixas-pretas, mas considera a possibilidade de que o trabalho pode acabar sendo feito sem elas.
Ex-piloto, diretor do Museu do Ar e do Espaço do Aeroporto de Le Bourget e membro da BEA, Gérard Feldzer não descartou nenhuma das hipóteses, “seja um atentado, uma explosão, um incêndio, a perda de sustentação, o congelamento, panes elétricas diversas”. Ontem, um ataque terrorista voltou a ser cogitado após a confirmação da Air France de que em um de seus voos Buenos Aires-Paris houve falsa ameaça de bomba, em 27 de maio.