Aves de 200 espécies e muitas cores

A beleza das aves dá um colorido mais intenso ao céu de Curitiba. Na cidade, já foram observadas cerca de duzentas espécies de pássaros. Segundo o ornitólogo Pedro Scherer Neto, que atua no Museu de História Natural, mantido pela Prefeitura, a estimativa é que oitenta espécies vivam na capital. O restante apenas passa pela região em alguns momentos específicos do ano. 

?Na maioria das vezes, as aves de hábitos migratórios passam por Curitiba entre os meses de agosto e março. Elas geralmente vêm para a cidade na tentativa de fugir do frio, em busca de calor. Exemplo disso são três espécies de maçaricos, que se deslocam vindos do Hemisfério Norte. Já os siriris e as tesourinhas (que recebem este nome devido à cauda comprida, em formato de tesoura), vêm da região Norte do Brasil?, revela.

Já entre os pássaros estabelecidos nos bairros da capital, são considerados bastante comuns e fáceis de serem visualizados: o joão-de-barro (que chama a atenção pelos ninhos de barro bem construídos nos galhos das árvores), os bem-te-vis, os sabiás, as pombas, os pardais, os pássaros pretos e os quero-queros (também chamados de téu-téus, terém-teréns e espanta-boiada).

?Os quero-queros (Vanellus chilensis) – aves caracterizadas pelo colorido geral cinza-claro, com ornatos pretos na cabeça, peito e cauda – se tornaram comuns nos últimos anos?, cita. Eles viviam em chácaras e campos localizados na periferia. Porém, começaram a ser bastante visualizados no meio urbano, onde freqüentam praças, campos de futebol e outros locais com grandes gramados. ?Eles não se incomodam mais com a presença do homem e não se importam mais em dividir espaço. Só se tornam agressivos, sendo capazes de atacar as pessoas, quando estão com ninho?, comenta.

De acordo com Pedro, Curitiba é uma cidade bastante atrativa aos pássaros. Isso porque existem muitas árvores que asseguram alimentos e condições de reprodução aos animais. Na capital, também existe pouca pressão humana para que as aves se estabeleçam. Por isso, elas normalmente não se sentem ameaçadas pelas pessoas, mantendo um convívio pacífico.

Fuga

Até pouco tempo atrás, periquitos e papagaios-verdadeiros só eram vistos na capital quando mantidos em gaiolas. Hoje, já é possível observá-los em liberdade em diversas regiões. Representantes de ambas as espécies fugiram de cativeiros e começaram a se instalar na cidade, encontrando condições para se reproduzir. ?Os periquitos precisam apenas de oco em árvores para fazer ninhos, o que não é difícil de encontrar. Já os papagaios-verdadeiros têm territórios dentro da cidade. Eles são vistos tanto em topos de árvores quanto pousados em prédios?, relata Pedro.

Pavó: incomum e de difícil visualização

Foto: Chuniti Kawamura

Pedro mostra o pavó, que apresenta risco de extinção em um futuro próximo.

Entre as diversas aves que passam por Curitiba em determinadas épocas do ano, uma das mais incomuns é a pavó (Pyroderus scatatus), considerada o maior pássaro de hábitos frugíveros da fauna brasileira.

Segundo o ornitólogo Pedro Scherer Neto, não se sabe exatamente de onde o pavó vem. Porém, ele já foi visto diversas vezes em locais como o bosque existente dentro do Museu de História Natural, no bairro Capão da Imbuia, e no campi da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

?O pavó geralmente fica no interior da copada das árvores. Por isso, é um pouco difícil de ser visualizado. Porém, ele é um pássaro muito bonito, cuja maior parte do corpo é preta e que chama a atenção por ter a garganta e o alto peito vermelho?, comenta o ornitólogo.

Pertencente à família Cotingidae, a ave está presente no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná, lançado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), apresentando risco de extinção em um futuro próximo. A principal ameaça à sua sobrevivência é a destruição de seus habitats naturais pelo homem. Isso porque, embora possa ser encontrado em ambientes urbanos, o pavó é muito dependente de habitats conservados.

O pássaro emite uma vocalização grave – que muitas vezes é associada a um mugido e durante a qual expande o papo (chamado saco gular) e sacode a cabeça – e se alimenta basicamente de frutas. Um macho pode chegar a medir 45 centímetros. Já as fêmeas são um pouco menores. Medem, em média, 35 centímetros.

Minicursos de observação

Periodicamente, o ornitólogo Pedro Scherer Neto realiza minicursos de observação de aves em Curitiba. O último aconteceu no mês de julho e o próximo deve ser promovido em outubro, ainda sem data definida.

Podem participar da iniciativa pessoas de todas as áreas que se interessem pelo assunto. Os alunos recebem informações teóricas e, na seqüência, partem para atividades práticas, utilizando binóculos para localizar os pássaros. Na maioria das vezes, as práticas acontecem em regiões próximas ao jardim zoológico, onde existem trilhas e uma grande quantidade de animais.

?Realizo os minicursos desde 1982 e percebo que, a partir das atividades, os participantes passam a se conscientizar da existência de muitas espécies diferentes. Percebem coisas que nunca haviam percebido antes?, comenta Pedro. Mais informações sobre os mini-cursos podem ser obtidas na à Prefeitura.

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