A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que a liberdade de expressão está acima da dor de um pai que perdeu o filho na guerra e ainda teve de tolerar integrantes de uma igreja fundamentalista que se reuniram diante do cemitério durante o enterro para um protesto no qual afirmavam que Deus está punindo o exército norte-americano por causa da tolerância aos homossexuais.
Por oito votos a um, os ministros da Suprema Corte norte-americana votaram em favor da Igreja Batista de Westboro. Em seu voto, o ministro John Roberts alegou que a PrimeiraEmenda da Constituição dos EUA “protege até mesmo manifestações ofensivas sobre questões públicas para assegurar que o debate não seja reprimido”.
A decisão da Suprema Corte encerra a ação movida por Albert Snyder, que processou integrantes da igreja pela dor emocional causada pela manifestação realizada durante o funeral de seu filho Matthew, que morreu no Iraque em 2006.
Como já fizeram em centenas de funerais de militares, seguidores da igreja fundamentalista cristã exibiram cartazes com mensagens provocativas, entre elas “graças a Deus que os soldados morreram”, “vocês vão para o inferno” e “Deus odeia os EUA/Graças a Deus pelo 11 de Setembro”, entre outras.
A única voz dissonante na máxima instância da Justiça norte-americana foi a do magistrado Samuel Alito, para quem Snyder “queria apenas sepultar seu filho em paz”.
Segundo Alito, os manifestantes “atacaram brutalmente” Matthew Snyder para atrair a atenção do público. “Nosso profundo comprometimento nacional com o debate livre e aberto não é uma licença para ataques verbais cruéis, como aconteceu neste caso”, opinou o ministro.
Seguidores da Igreja Batista de Westboro, liderados pelo reverendo Fred Phelps, já protestaram em centenas funerais militares. Segundo o grupo, as mortes de militares norte-americanos no Iraque e no Afeganistão são uma punição à imoralidade do povo do país, inclusive sua tolerância com gays e com a prática do aborto. As informações são da Associated Press.