A Austrália anunciou hoje um referendo nacional para que os aborígines do país sejam reconhecidos na Constituição. Com isso, essa comunidade historicamente discriminada teria mais chances de ter suas condições de vida melhoradas.
A primeira-ministra Julia Gillard disse que o país tem uma chance que só ocorre a cada 50 anos, com o apoio parlamentar e público, para tomar a medida. Três anos atrás, o então primeiro-ministro Kevin Rudd realizou um histórico pedido de desculpas à população nativa. “Nós viemos para o governo sabendo que a mudança era necessária em um nível emocional e também em um nível prático”, disse Julia. Segundo ela, o reconhecimento dos aborígines é “o passo seguinte nessa jornada”.
A Austrália não realiza um referendo desde 1999, quando os eleitores rejeitaram a proposta para o país se tornar uma república. Julia disse que é essencial se construir um consenso antes da disputa, que não deve ocorrer antes de pelo menos 12 meses. O único referendo que já envolveu o tema dos aborígines anteriormente no país ocorreu em 1967, quando a maioria absoluta decidiu que eles deveriam ser contados como parte da população.
Segundo a premiê, a intenção é realizar o referendo antes ou ao mesmo tempo que a próxima eleição nacional, prevista para 2013. Os aborígines sofreram injustiças desde a chegada dos brancos, em 1788. Antes uma população de mais de 1 milhão, hoje há na Austrália 470 mil deles, de uma população total de 22 milhões de habitantes. Os aborígines, porém, sofrem desproporcionalmente com altos índices de doença, desemprego e prisões.
Os homens aborígines vivem em média 11,5 anos a menos que o restante da população masculina. No caso das mulheres, a diferença é de 9,7 anos. O Partido Verde fez Julia se comprometer a realizar o referendo sobre o tema, antes de aderir ao governo, após ela não conseguir uma maioria folgada nas eleições de agosto. As informações são da Dow Jones.