Aumenta discriminação contra árabes após 11 de setembro

Os atentados de 11 de setembro do ano passado contra os Estados Unidos e a persistente crise no Oriente Médio são responsáveis por uma onda “antimuçulmana” que se registra no Velho Continente, segundo uma das conclusões do informe apresentado em Bruxelas pelo Observatório Europeu contra o Racismo e a Xenofobia.

Depois de destacar que um dos objetivos principais das sociedades européias para os próximos anos será precisamente rechaçar a expansão do racismo e lutar por uma maior coesão social, o documento expressou que nos 15 países comunitários houve avanços “principalmente em relação às legislações adotadas”.

Em geral, os resultados foram, no entanto, decepcionantes, vistos os numerosos episódios de racismo e xenofobia que se repetiram em grande parte dos países da União Européia (UE).

O documento denunciou que para os imigrantes ilegais que chegam ao Velho Continente existem com freqüência dois tipos de discriminação: o primeiro, pelo simples fato de ser estrangeiro; o segundo, por tratar-se de mulheres.

Especialistas da UE destacam que o nível mais baixo em absoluto de emprego se encontra entre imigrantes mulheres que provêem de países muçulmanos, como ocorre, por exemplo, no caso da Itália com as imigrantes ilegais da Argélia ou da Tunísia.

Especialistas do Observatório assinalaram a área do norte da África (Marrocos, Tunísia e Egito), Turquia e a região dos Bálcãs (Albânia, Romênia) como pontos principais de partida de grande parte dos imigrantes ilegais que desembarcam nas costas dos países europeus, como Itália e Espanha.

Apesar de a imigração ser um fenômeno disseminado em todas as sociedades européias, o documento destacou o diferente percentual de estrangeiros que vivem em cada um desses países.

A Itália, por exemplo, onde há anos o tema da imigração é um dos mais quentes politicamente, conta com “apenas” 2,5% de estrangeiros entre sua população total, nível muito inferior ao da Grã-Bretanha (7,1%), França (5,6%) ou Alemanha (8,9%, dos quais 30% são turcos).

Mão-de-obra imigrante é fundamental em zonas industriais

Um dos temas principais para o futuro será conseguir um maior acesso dos imigrantes ao mercado de trabalho local, sem que exista uma discriminação contra os trabalhadores estrangeiros.

Especialistas do Observatório Europeu contra o Racismo e a Xenofobia sublinharam, por outro lado, que, dos 15 países europeus, Espanha, Grécia, Portugal e Itália se caracterizam por oferecer muitos empregos aos imigrantes, apesar de serem trabalhos informais, ou seja, “trabalho negro”.

“Na Itália, um terço do total dos estrangeiros sem documentos trabalha precisamente nesse setor da economia”, informou o documento, que também advertiu que os imigrantes estão se transformando em um recurso fundamental para as zonas industriais da Europa que precisam cada vez mais de mão-de-obra abundante e barata, inclusive proveniente de países de fora da União Européia.

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