A palavra-chave do governo Barack Obama, que completa cem dias na quarta-feira, é audácia. Em vez de concentrar-se apenas em tirar o país da recessão, Obama usou os primeiros três meses de governo para fazer avançar uma agenda ampla de reformas: assinou sete grandes legislações, entre elas o maior pacote de estímulo da economia da História, de US$ 787 bilhões, determinou o fechamento de Guantánamo em um ano, antecipou o prazo para a retirada das tropas do Iraque, ampliou as operações militares no Afeganistão, baixou medidas de recuperação do mercado imobiliário, liberou o financiamento de pesquisas com células-tronco, aprovou assistência médica para milhões de crianças, defenestrou o presidente da GM, acenou com a bandeira branca para os muçulmanos e desculpou-se pelo imperialismo na América Latina.

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O “obamismo” já mostrou a que veio: prega um aumento significativo da intervenção do governo na economia, de olho na redistribuição de renda, enquanto a política externa se destaca pelo pragmatismo da diplomacia e o centrismo em segurança nacional. O desempenho é invejável e rivaliza com os famosos 100 dias de Franklin D. Roosevelt, que conseguiu aprovar 15 leis importantes no Congresso no período.

Mas muitos observadores se preocupam com a abordagem multitarefa de Obama. Muitos creem que ele está atirando para todos os lados, mas vai acertar poucos alvos. “O objetivo número um precisa ser a vitória na guerra econômica, o número dois é vencer a guerra econômica e o três, também; é difícil obter apoio se você está tentando enfiar várias coisas goela abaixo das pessoas de uma vez só”, disse o megainvestidor Warren Buffett. “É difícil fazer tudo o que precisa ser feito, ele tem de estabelecer prioridades’, ecoou o senador Kent Conrad.

O chefe de gabinete de Obama, Rahm Emanuel, defende o estilo multitarefa. “Nunca desperdice uma crise”, diz Emanuel, repetindo um dos motes da Casa Branca sob Obama. “Coisas adiadas por muito tempo se tornaram urgentes, essa é a hora de agir.”

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Segundo pesquisa da Pew Research, a taxa de aprovação de Obama está acima de seus antecessores. Ele tem 63% de aprovação, só perde para Ronald Reagan, que tinha 67% de aprovação no início de seu mandato. Ganha de George W. Bush, que tinha 56%, George Bush pai (58%) e Bill Clinton (55%).