A polícia reprimiu moradores da Província de Tucumán, na Argentina, que protestaram com panelas na noite desta segunda, 24, contra o que julgavam ser uma fraude eleitoral na eleição para governador ocorrida no domingo, quando 42 urnas foram queimadas. O confronto iniciou quando centenas de manifestantes derrubaram grades que isolavam a sede do governo na Praça Independência, no centro de San Miguel de Tucumán, capital da província.

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Ao se aproximar da escadaria do edifício, eles foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha – segundo o canal TN, havia 20 feridos. O movimento dispersou parte da população. Os que ficaram reagiram atirando pedras e laranjas de árvores da região contra os policiais. Gritando “o povo daqui não sai”, o movimento se remobilizou já na madrugada desta terça-feira, 25, e uma marcha foi marcada para esta noite.

A oposição denunciou durante o dia fraude na votação e não reconheceu a vitória do kirchnerista Juan Manzur. A apuração parcial, de 80% dos votos, dava ao ex-ministro da Saúde de Cristina Kirchner 54% dos votos, ante 40% obtidos por José Cano, apoiado pelos dois principais candidatos presidenciais da oposição, o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o ex-kirchnerista Sergio Massa. Os dois pediram que sejam abertas todas as urnas para recontagem.

Foi o segundo dia de violência na província, uma das mais pobres do país. A polícia local disse que seis integrantes da corporação foram feridos ao tentar evitar que urnas fossem incendidas no dia da votação, quando um cinegrafista que gravava a distribuição de comida em um comitê kirchnerista denunciou ter sido agredido a chutes por militantes e publicou fotos na internet.

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Ao reivindicar a vitória, Manzur admitiu que parte dos casos de violência denunciados na votação envolviam militantes de seu movimento. Havia disputa interna por outros cargos entre representantes do peronismo – movimento no qual o kirchnerismo é uma corrente radical.

O governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, candidato kirchnerista à presidência, defendeu a legitimidade da votação. “Houve uma vitória clara de Manzur”, disse. Ele reduziu a importância da quantidade de votos contestados – 0,8% do total de 1,6 milhão de eleitores.

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Os candidatos opositores à presidente reagiram. “Sentimos dor e raiva. Trinta anos de democracia deveriam nos ensinar que não vale brigar pelo poder a qualquer preço. É preciso terminar com a violência. Não podemos ter tiros e urnas queimadas na briga pelo poder”, disse à tarde Massa, que mencionou um plano de pedir observadores internacionais na votação de 25 de outubro.

“Foi uma votação com muitíssimas irregularidades e imagens que nunca gostaríamos de ver na Argentina.Houve até tiros em salas de votação. Como vai ser no Chaco?”, questionou Macri, referindo-se à votação de 20 de setembro para o governo de outra província, a última antes da presidencial de 25 de outubro. O sistema argentino permite às províncias antecipar a eleição para governador.