O ativista da oposição ucraniana Dmytro Bulatov, de 35 anos, que desapareceu na semana passada, afirmou que foi sequestrado e torturado, até ser deixado numa floresta nas proximidades de Kiev na quinta-feira. Ele faz parte do AutoMaidan, um grupo de proprietários de carros que participou dos protestos contra o presidente Viktor Yanukovych, e estava desaparecido desde 22 de janeiro.
Bulatov disse que foi sequestrado, duramente espancado e pregado a uma cruz. Uma parte de sua orelha foi arrancada e seu rosto foi cortado. Ele foi mantido no escuro durante todo o tempo, o que o impede de identificar seus sequestradores. Após mais de uma semana de tortura, ele foi jogado numa floresta.
“Eles me crucificaram, pregaram minhas mãos. Cortaram minha orelha, meu rosto. Não há um ponto do meu corpo que não tenha sido espancado”, declarou Bulatov à emissora de televisão 5 Kanal. “Graças a Deus estou vivo.” Seu rosto e suas roupas estavam cobertos por sangue e suas mãos inchadas, com marcas de pregos.
Bulatov é um dos três ativistas cujo desaparecimento chocou o país, principalmente depois que um deles foi encontrado morto. Ele desapareceu um dia depois de Igor Lutsenko, outro importante ativista da oposição, ter sido encontrado depois de ser levado para uma floresta e duramente espancado.
Lutsenko foi sequestrado de um hospital, para onde havia levado um outro manifestante, Yuri Verbitsky, que tinha um ferimento no olho. Verbitsky também foi sequestrado, espancado e encontrado morto. Seu corpo estava congelado porque o espancamento o deixou incapacitado para andar até um local seguro.
Os desaparecimentos provocaram críticas de manifestantes, que acusam o governo de intimidar a oposição.
Os protestos na Ucrânia tiveram início em novembro, depois de Yanukovych desistir de um acordo que aprofundaria as relações do país com a União Europeia (UE) e, posteriormente, aceitou um resgate de US$ 15 bilhões da Rússia. Mas as manifestações logo passaram a abranger outras questões como corrupção e as atuações da polícia e do Judiciário.
As negociações entre autoridades e oposição para um fim da crise parecem ter paralisado na quinta-feira, depois de Yanukovych entrar em licença média e dizer aos líderes da oposição que agora depende deles fazer concessões. Fonte: Associated Press e Dow Jones Newswires.