Ativista de movimento gay é assassinado em Uganda

David Kato, um ativista pelos direitos dos homossexuais, foi assassinado em Uganda, informou seu advogado hoje. Com 43 anos, ele foi morto em sua casa nas proximidades da capital Kampala. Ele era membro do grupo Minorias Sexuais Uganda e teve sua foto e seu nome divulgados pelo jornal Rolling Stone, em um texto que pedia aos leitores que “enforcassem” os ativistas pelos direitos dos gays.

“Isso ocorreu ontem (quarta-feira) por volta das 13h (hora local)”, disse o advogado John Francis Onyango, referindo-se ao homicídio. Onyango afirmou que as investigações iniciais indicam que um homem invadiu a casa de Kato e atingiu-o na cabeça, antes de fugir. A polícia investiga dois suspeitos.

O grupo pelos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou que Kato morreu a caminho de um hospital local. A entidade sediada em Nova York cobrou que a polícia de Uganda “urgente e imparcialmente investigue o assassinato”. O HRW pediu que a comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros de Uganda tenha proteção adequada contra a violência.

Após ser identificado pelo jornal Roling Stone, que acusou os líderes pelos direitos dos homossexuais em Uganda de “recrutar” jovens para a homossexualidade, Kato e mais duas pessoas processaram com sucesso a publicação. Também conseguiram que um alto tribunal impedisse toda a mídia de nomear os gays e ameaçá-los.

Kato criticava a lei contra o homossexualismo de Uganda. Caso essa norma entre em vigor, ela ampliará a lista de “crimes” puníveis relacionados a ser gay. A lei prevê a pena de morte para atos de “homossexualidade agravada”. Atualmente, o código penal do país, como em muitas nações africanas, proíbe o “conhecimento carnal de qualquer pessoa contra a ordem da natureza”. Uma tentativa de se cometer um ato sexual com um parceiro do mesmo sexo pode ser punida com sete anos de prisão. A consumação do ato pode resultar em prisão perpétua.

Muitos ativistas acusam pastores evangélicos homofóbicos dos EUA de influenciarem a aprovação de medidas mais duras contra os gays de Uganda. A pesquisadora do HRW em Uganda Maria Burnett disse que a lei deve ser anulada. “O presidente Yoweri Museveni deveria rejeitar categoricamente o ódio que está por trás dessa lei, e em vez disso encorajar a tolerância e as visões divergentes da sexualidade e proteger as minorias vulneráveis”, afirmou.

O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou no ano passado a lei como “odiosa”. O tabloide Rolling Stone, fundado há pouco tempo por estudantes universitários, não é uma publicação regular. Outros tabloides de Uganda já publicaram no passado textos similares, listando homossexuais com nomes e fotos e em alguns casos inclusive o endereço dessas pessoas. As informações são da Dow Jones.

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