A ativista indiana Irom Sharmila completou, nesta segunda-feira, 12 anos de greve de fome em protesto pelas violações dos direitos humanos cometidas pelo exército do país na região de Manipur.
Conhecida como a “Dama de Ferro de Manipur”, Irom Sharmila iniciou seu jejum em 5 de novembro de 2000, após presenciar o assassinato de dez pessoas em uma parada de ônibus no povoado de Malom.
No entanto, dias após começar seu protesto, a jovem, que na época tinha 28 anos, foi detida pela polícia sob acusação de tentativa de suicídio, penalizada pelo Código Penal indiano com um ano de prisão.
Desde então, a ativista permanece internada no hospital carcerário Jawaharlal Nehru, em Imphal, capital de Manipur, porque embora cumpra sua pena a cada ano e recupere a liberdade, voltam a prendê-la imediatamente por persistir com o jejum.
No hospital, a indiana recebe alimentos via nasal após ter sido entubada à força.
A “Dama de Ferro” protesta com o objetivo de acabar com a Lei de Faculdades Especiais das Forças Armadas (AFSPA), que permite que as forças de segurança de Manipur – onde há correntes separatistas- “executem e torturem com impunidade”, segundo a Anistia Internacional.
“Meu jejum é um meio de protestar. Não tenho outro”, defendeu Irom Sharmila em uma entrevista, quando avisou que só abandonaria sua greve de fome “quando a AFSPA fosse extinta”.
Durante esta segunda-feira, ocorrerão diversos atos em Manipur em apoio à ativista, segundo o jornal local “Times of India”, enquanto em outras zonas do país, os atos de solidariedade foram celebrados no domingo.
No centro das manifestações de Jantar Mantar, na capital Nova Délhi, dezenas de ativistas e simpatizantes de Irom Sharmila fizeram uma greve de 24 horas para dar respaldo à “Dama de Ferro”, segundo os meios de imprensa locais.
“Queremos mostrar que Irom não está só. Estamos com ela porque é uma verdadeira democrata e verdadeira gandhiana. Ela tem todo direito de ser ouvida”, disse Devika Mittal, membro da associação que apoia Irom, durante o ato.
No nordeste da Índia há diversos grupos que lutam pela autonomia ou independência de suas regiões.
A lei AFSPA foi aprovada pelo Parlamento no ano 1958 para o nordeste do país, com intenção de conter uma rebelião da etnia naga nessa zona, mas não serviu para evitar o nascimento de novos grupos insurgentes nessas regiões.