Mantido sob estrita vigilância em sua casa havia 19 meses, um dos mais proeminentes ativistas políticos da China conseguiu escapar no domingo à noite e esconder-se em um lugar desconhecido da capital, no mais recente episódio a constranger as autoridades de Pequim.
Organizações de defesa de direitos humanos disseram que Chen Guangcheng foi deixado em um local “seguro”, o que estimulou rumores de que eles estaria na Embaixada dos EUA em Pequim. Se a informação for confirmada, esse será o primeiro caso de um dissidente político chinês que busca abrigo na representação diplomática americana desde a repressão aos protestos na Praça Tiananmen, em 1989.
Em vídeo divulgado ontem, Chen Guangcheng pediu diretamente ao primeiro-ministro Wen Jiabao que intervenha a seu favor, proteja sua família e puna as autoridades da Vila Dongshigu, na Província de Shandong, responsáveis por sua detenção. Cego e advogado autodidata, Chen ganhou notoriedade ao defender milhares de mulheres vítimas de abusos cometidos em nome da política de controle de natalidade em sua região, incluindo abortos e esterilizações forçadas. Em junho de 2006, ele foi sentenciado a 4 anos e 3 meses de prisão sob a acusação de “perturbar o trânsito”.
O ativista cumpriu a pena até o fim, mas não ganhou liberdade: foi posto em prisão domiciliar e proibido de receber visitas, falar ao telefone ou usar a internet.
A fuga de Chen foi anunciada poucos dias antes do Diálogo Econômico e Estratégico, que reunirá em Pequim autoridades chinesas e americanas, entre as quais a secretária de Estado, Hillary Clinton. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.