Até ícone da direita nos EUA pede saída do Afeganistão

Um artigo do respeitado colunista conservador George Will, publicado na terça-feira pelo jornal “Washington Post”, esquentou a discussão sobre o futuro da guerra no Afeganistão, às vésperas de o presidente Barack Obama receber o relatório das Forças Armadas sobre a situação do conflito. No artigo, Will diz que os Estados Unidos devem retirar suas tropas “agora” do país e manter apenas operações à distância. Ele classifica de “Operação Sísifo” as tentativas de os EUA lidarem com a produção de ópio que sustenta o Taleban. O fato de um conservador como ele ter jogado a toalha no Afeganistão demonstra a erosão do apoio dos norte-americanos ao conflito.

O artigo causou comparações com um momento marcante da Guerra do Vietnã. Em 1968, o âncora Walter Cronkite, após cobrir a ofensiva do Tet, voltou dizendo que os EUA deveriam negociar sua retirada, o que levou o então presidente Lyndon Johnson a dizer: “Se eu perdi Cronkite, eu perdi a América.”

“Perder o apoio de Will vai preocupar muito os integrantes do governo, não apenas por ele ser um dos colunistas mais reconhecidos dos EUA, mas porque sua defecção indica que o apoio da direita, particularmente entre os realistas, como Will e eu, pode não estar tão seguro como o governo acreditava”, escreveu Jeb Golinkin no blog conservador New Majority. “Qualquer oposição à guerra vinda dos republicanos moderados e democratas exigirá uma ofensiva de relações públicas do governo.”

O republicano Will se junta às vozes mais liberais do Partido Democrata em seu pedido pela retirada das tropas. A esquerda elogiou seu artigo, mas os conservadores o criticaram. “O que alguém deve fazer quando a direita está certa? Especialmente quando está certa sobre algo que está errado há tanto tempo?”, questionou David Rothkopf, colunista da revista Foreign Policy.

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