Noventa e cinco menores de idade estão entre os 140 mortos de um recente confronto entre forças dos Estados Unidos e o Taleban, no oeste do Afeganistão. A afirmação foi feita hoje por um parlamentar local, Obaidullah Helali. Os militares norte-americanos contestam o número de mortos, alegando que as covas mostradas “pareciam muito pequenas” para conter tantos corpos. Os afegãos culpam ataques aéreos norte-americanos pelas mortes e pela destruição de duas vilas na província de Farah. Funcionários norte-americanos dizem que o Taleban manteve moradores reféns durante o confronto e que os pagamentos feitos aos familiares de vítimas incentivaram o exagero do número de mortos.

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Uma lista das vítimas, com nomes e idades, foi compilada por membros de uma comissão do governo afegão, baseando-se em testemunhos de moradores que disseram que os parentes morreram, segundo Helali, um parlamentar por Farah e membro da equipe investigativa. Os corpos foram enterrados antes do início das investigações e não há planos para exumá-los. Não estava claro como a investigação determinou se as pessoas estavam mortas ou tinham fugido da violência.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha confirmou que mulheres e crianças estavam entre as dezenas de mortos. Caso o número afegão esteja correto, este seria o caso com mais mortes de civis desde a invasão liderada pelos EUA para derrubar o Taleban, em 2001. Os militares norte-americanos, porém, contestam os dados. O porta-voz militar coronel Greg Julian lembrou que “não há uma prova física” para referendar a lista. Os militares EUA não revelam o número de pessoas que acreditam que teriam morrido nos confrontos dos dias 4 e 5 nas vilas Gerani e Ganjabad, de Farah.

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, disse que os ataques “não eram aceitáveis” e estimou o número de civis mortos entre 125 e 130. Membros afegãos de uma delegação investigando o confronto enviaram pagamentos de condolências às famílias das vítimas, segundo o deputado. Os pagamentos, ordenados por Karzai, eram de US$ 2 mil pelos mortos e US$ 1 mil para os feridos. Karzai insiste há tempos para que os EUA evitem mortes de civis em suas operações. Incidentes anteriores geraram críticas do governo, que afirma que esses ataques atrapalham o apoio à luta contra o Taleban.

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O incidente ocorre quando a administração Barack Obama se prepara para lançar uma nova estratégia para a região, que envolve vincular o sucesso no Afeganistão com a segurança no vizinho Paquistão – militantes do Taleban são ativos na fronteira. Obama também está enviando 21 mil soldados adicionais para confrontar o Taleban. Há atualmente no país 38 mil soldados norte-americanos.