A explosão de um carro-bomba por um grupo de traficantes de drogas na quinta-feira na cidade mexicana de Ciudad Juarez, na fronteira com os Estados Unidos, revela a força da ameaça do narcotráfico no país. Foi a primeira vez que uma gangue de traficantes usou um carro-bomba para atacar forças de segurança do governo. Na sexta-feira, 12 pessoas foram mortas e 21 ficaram feridas em uma série de tiroteios entre soldados mexicanos e traficantes na cidade de Nuevo Laredo, também na divisa com os EUA.
O brigadeiro-general Eduardo Zarate, comandante da zona militarizada, disse que 10 quilos de explosivos podem ter sidos usados no ataque com o carro-bomba. O fato demonstra a crescente ousadia e a sofisticação militar dos traficantes mexicanos, que promovem uma onda de ataque contra as forças de segurança e autoridades do governo desde que o presidente Felipe Calderón ordenou que milhares de soldados e policiais federais combatessem as gangues nos seus redutos.
“Nós temos de mudar o modo como operamos”, disse José Reyes, prefeito de Ciudad Juárez. “Nós temos de começar a mudar todos os protocolos, para incluir situações de bombas”.
A polícia Federal do México disse que o carro-bomba em Ciudad Juarez foi uma retaliação pela prisão do líder da gangue La Linea, Jesus Acosta Guerrero, preso naquele mesmo dia. A polícia diz que ele era o “líder de operações” do La Linea. Ele foi responsável por pelo menos 25 assassinatos, principalmente de membros de gangues rivais.
Uma pichação na parede de um shopping center da cidade feita na noite de quinta-feira alertava para mais ataques com carros-bomba. O cartel de Juarez parece ter assumido a responsabilidade pelo atentado, de acordo com a pichação, acusando a polícia federal de dar apoio ao grupo rival Sinaloa, liderado pelo traficante mais procurado do país, Joaquin “El Chapo” Guzman. “O que aconteceu vai continuar acontecendo contra todas as autoridades que dão apoio a El Chapo. Nós temos mais carros-bomba”, dizia a mensagem.
Há muito tempo o governo Calderón tem recibo críticas de que não combate o cartel Sinaloa tão agressivamente como faz com as outras gangues, o que o presidente nega veementemente.
Em Nuevo Laredo, os tiroteios em três regiões da cidade fizeram com que o consulado dos EUA alertasse seus cidadãos para permanecer dentro de casa. O consulado disse que homens armados estavam bloqueando algumas ruas com veículos roubados durante a batalha. “Nós recebemos relatórios confiáveis de uma crescente onda de violência entre narcotraficantes e o exército em Nuevo Laredo. Fontes disseram que granadas foram usadas”, disse o consulado em um comunicado. “Nós aconselhamos todos os cidadãos norte-americanos em Nuevo Laredo a permanecerem dentro de casa até que a situação melhore”.
O Departamento do Interior do México disse que “condena veementemente os atos covardes”. Sete dos 21 feridos sexta-feira estavam em estado grave, e três deles eram crianças, aparentemente atingidas pelo tiroteio, disse o departamento. Nuevo Laredo tem sido palco de batalhas pesadas entre o cartel do Golfo e seu ex-aliado, a gangue Zetas.
Os ataques de narcotraficantes têm se intensificado no México nas últimas semanas. No mês passado, uma emboscada cuidadosamente planejada matou 12 policiais federais no Estado de Michoacan. E na semana antes das eleições locais e estaduais de 4 de julho o principal candidato ao governo de Tamaulipas foi assassinado por possíveis traficantes. Calderón disse que o assassinato – que foi seguido por uma série de ataques e ameaças contra candidatos – é uma evidência de que os cartéis de droga estavam tentando controlar a política do país através de intimidação.