O segundo atentado a bomba em Damasco em menos de duas semanas deixou ao menos 26 mortos e 63 feridos em uma capital que sempre buscou se apresentar como uma ilha de estabilidade em meio à violência nos vizinhos Iraque e Líbano e, mais recentemente, em outras cidades sírias como Homs e Hama.
Depois de dez meses de protestos contra o governo de Bashar Assad, o líder sírio está cada vez mais enfraquecido. Ao mesmo tempo, a oposição enfrenta disputas internas, dificultando uma ação unificada para derrubar o regime. Em um sinal das divergências na frente antigoverno, membros da Irmandade Muçulmana chamaram hoje de ditador o líder do grupo opositor Conselho Nacional Sírio, Burhan Ghalioun.
No ataque de ontem, um suicida detonou explosivos em um terminal de ônibus na movimentada região de Midan. A agência estatal Sana divulgou imagens de corpos ensanguentados e veículos destruídos.
O regime acusou novamente a Al-Qaeda de estar por trás do atentado – segundo o governo, a rede terrorista tem ligações com os protestos anti-Assad. Opositores, por sua vez, disseram que as próprias forças de Assad podem ter organizado o atentado para polarizar ainda mais a sociedade síria. Duas semanas atrás, outro atentado em Damasco provocou a morte de 44 pessoas.
Em Beirute, o líder druso Walid Jumblat, conhecido no mundo árabe por saber mais do que ninguém para onde rumam os ventos políticos e estar sempre aliado a quem tem mais poder, rompeu nesta semana com Assad e passou a pedir aos membros de sua religião na Síria que não participem “da repressão contra os opositores”.
Segundo o analista político sírio Sami Moubayed, os EUA e seus aliados europeus deram “luz verde para a Rússia encontrar uma solução para Damasco”. A saída para a crise na Síria seria similar à do Iêmen. Para Moscou, o principal defensor de Assad no Conselho de Segurança da ONU, o plano ideal seria fazer com que ninguém ganhe ou perca totalmente, com o líder sírio tendo garantia de imunidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.