O editor do grupo editorial Dias, Andy Hadjicostis, de 41 anos, foi morto a tiros na noite de ontem, no Chipre. O assassinato ocorreu algumas horas após o presidente grego do Chipre e o líder da república separatista turca terem lançado uma nova rodada de negociações para reunificar o país.
O assassinato do mais influente editor da ilha aumenta a instabilidade no país e pode significar um retrocesso nos esforços de reunificação. A polícia de Nicósia disse que a vítima recebeu dois tiros, uma nas costas e outro no peito. O atirador fugiu numa motocicleta dirigida por um cúmplice. A polícia cipriota afirmou também que não existe nenhum motivo aparente para a morte do editor.
No entanto, políticos locais dizem que o crime aparente ter como objetivo espalhar a instabilidade logo no momento em que as comunidades turca e grega retomam o diálogo. A retomada das negociações aumentou as divisões políticas entre os gregos liberais, favoráveis ao diálogo com os turcos cipriotas, e os gregos nacionalistas, que apoiam a linha-dura.
Hadjicostis era visto como uma estrela em ascensão na comunidade greco-cipriota, majoritária na ilha. O grupo editorial Dias publica o jornal diário Simerini, tem a emissora de televisão Sigma, uma emissora popular de rádio e várias revistas. O grupo editorial foi criado pelo pai de Hadjicostis.
Os veículos de comunicação apoiam o diálogo com os turcos cipriotas para a reunificação, embora manifestem a reserva de que o presidente greco-cipriota, Dimitris Christofias, faça muitas concessões à comunidade turco cipriota, menos numerosa e que vive em um terço da ilha, na parte norte.
Christofias prometeu descobrir, perseguir e prender os assassinos de Hadjicostis. Ele teve uma reunião com o líder turco cipriota Mehmet Ali Talat.
Histórico
A ilha permanece militarizada desde 1974, quando tropas da Turquia invadiram o norte do Chipre em represália a um plano dos nacionalistas gregos, que tentavam unir o país à Grécia.
Em 2004, a parte grega da ilha, reconhecida internacionalmente como República do Chipre, entrou para a União Europeia. Isolada e mais pobre que o resto da ilha, a República Turca do Norte de Chipre (TRNC, na sigla em inglês), só é reconhecida pela Turquia, com quem mantém só tem laços econômicos oficiais.
“Algumas pessoas não desejam que esse lugar se acalme. Elas não querem ver cidadãos vivendo em condições de segurança e calma”, disse o editorial na capa do jornal Simerini.