Um ataque aéreo israelense matou um líder militante na Faixa de Gaza nesta segunda-feira, horas antes da trégua de sete horas anunciada por Israel com o objetivo de abrir uma “janela humanitária” para o envio de ajuda aos moradores do território costeiro, no momento em que as forças israelenses reduzem suas operações terrestres no local.
Porém, o Exército disse que o cessar-fogo não se aplicaria a áreas onde suas tropas ainda estivessem operando e que responderia a qualquer ataque. A cidade de Rafah, sul de Gaza, onde ocorreram pesados combates no domingo, foi excluída da trégua, disseram os militares.
Pouco antes de o cessar-fogo entrar em vigor, às 10h (horário local, 4h em Brasília), dois mísseis israelenses atingiram uma casa de praia perto da cidade de Gaza, matando uma pessoa e deixando 20 desaparecidas, informaram o Crescente Vermelho e Ashraf al-Kidra, funcionário da área de Saúde local. O Exército israelense não havia comentado o episódio.
O grupo Jihad Islâmica, aliado próximo do Hamas, que governa Gaza, disse que seu comandante na região norte do território, Daniel Mansour, morreu quando a casa onde estava foi atingida, durante a madrugada.
Embora Israel venha reduzindo suas operações terrestres desde o final de semana, tem mantido uma forte ofensiva aérea, além de bombardeios e disparos de artilharia na costa e em terra. A guerra em Gaza, agora em sua quarta semana, já matou mais de 1.800 palestinos e mais de 60 israelenses.
Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse que o grupo é cético em relação ao anúncio de trégua israelense. “Não confiamos nessa calmaria e pedimos ao nosso povo que tome cuidado”, afirmou.
Desde o início dos confrontos, o Hamas disparou mais de 3.200 foguetes contra Israel, a maioria interceptado pelo sistema de defesa israelense conhecido como Domo de Ferro.
Ao contrário do equipamento militar de alta tecnologia de Israel, que inclui mísseis de precisão e um grande orçamento, a tecnologia dos foguetes do Hamas continua relativamente primitiva e não é tão fatal quanto a israelense.
Autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram que mais de três quartos dos mortos na guerra são civis, dentre eles 10 pessoas mortas no domingo numa escola da organização que foi convertida em abrigo na cidade de Rafah.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou o ataque a escola de uma “ofensa moral e um ato criminoso” e exigiu uma rápida investigação.
Segundo testemunhas, os ataques israelenses atingiram o lado de fora dos portões da escola no domingo. O Crescente Vermelho, informou que o ataque ocorreu enquanto as pessoas estavam na fila para receber comida dos trabalhadores humanitários. Ashraf al-Kidra, funcionário da Saúde de Gaza, disse que além dos mortos, 35 pessoas ficaram feridas.
Robert Turner, diretor de operações da Agência da ONU de Socorro aos Refugiados da Palestina (UNRWA), disse que o prédio abrigava cerca de 3 mil pessoas. Segundo ele, o ataque matou pelo menos um funcionário da ONU.
Abrigos da ONU em Gaza já foram atingidos sete vezes pelo Exército de Israel desde o início da guerra. Segundo a UNRWA, Israel foi a fonte dos ataques em todos os episódios, embora tenha encontrado estoques de foguetes em escolas vazias da instituição em três ocasiões. Fonte: Associated Press.