Um ataque aéreo realizado ontem pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) matou pelo menos 33 civis no sul do Afeganistão, afirmaram hoje funcionários. A notícia vem a público no momento em que as forças aliadas trabalham para derrotar bolsões de resistência do Taleban em Marjah, também no sul, e obter a confiança da população local.

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O ataque aéreo realizado ontem atingiu um comboio de micro-ônibus levando mulheres e crianças em uma zona remota do sul do país, perto do limite entre as províncias de Uruzgan e Daykundi. A área fica a centenas de quilômetros distante de Marjah, onde ocorre a maior ofensiva das tropas aliadas desde a invasão ao Afeganistão, em 2001. O ataque aéreo foi uma mostra um dos grandes problemas enfrentados pelas forças de coalizão, enquanto tentam ganhar a confiança e o apoio dos civis em Marjah e por todo o Afeganistão: descobrir quem é aliado e quem é inimigo.

Segundo a Otan, suas forças acreditavam que os micro-ônibus levavam insurgentes para atacar tropas afegãs e da própria organização. Após o ataque aéreo, tropas foram até o local e “encontraram mulheres e crianças”, segundo o comunicado. Os feridos foram levados para uma instalação da Otan onde receberam tratamento. Funcionários afegãos e da Otan exigiram uma imediata investigação. A organização não informou o número de mortos pelo ataque e funcionários afegãos forneceram números conflitantes.

O gabinete do presidente Hamid Karzai afirmou que morreram 33 pessoas. Já Khudai Rahim, o vice-governador de Uruzgan, citou 27 mortos, entre eles pelo menos cinco mulheres e uma criança. Anteriormente, Rahim disse que havia entre 20 e 25 mortos, a maioria mulheres e crianças.

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As mortes de civis há anos enfurecem a população local, além de serem usadas pelo Taleban como uma arma de propaganda. Karzai repetidamente critica as mortes de civis pela Otan. O tema foi parte importante da fala do presidente em seu discurso, ontem, na sessão inaugural do ano no Parlamento afegão. O palácio presidencial afegão qualificou hoje o ataque aéreo como “injustificável”. Segundo esse texto, o comboio civil seguia para Kandahar, maior cidade do sul afegão.

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No ano passado, o general dos EUA Stanley McChrystal, principal comandante da Otan no país, ordenou regras para evitar as mortes de civis. Com isso, a ocorrência dessas mortes caiu em um terço no ano passado. Ainda assim, McChrystal e Karzai afirmam que o número precisa cair mais. O general norte-americano lamentou, em comunicado, a “trágica perda de vidas inocentes”.

A ofensiva em Marjah também resultou na morte acidental de civis desde seu início, no dia 13. Até agora, pelo menos 19 civis morreram, além de 13 soldados da coalizão e um soldado afegão. Comandantes da coalizão temem que as mortes de civis atrapalhem a meta de restaurar a autoridade do governo afegão na cidade do sul do país. As informações são da Dow Jones.