Extremistas religiosos étnicos, com armas caseiras, atacaram uma delegacia de polícia no oeste da China no início desta semana. O ataque terminou com 14 dos 18 radicais mortos, informou o governo chinês hoje. Meios de comunicação estatais responsabilizam terroristas, agitadores ou bandidos pela violência na região de Xinjiang.
Um grupo no exílio que defende uma maior autonomia para a etnia uigur afirma que um protesto pacífico se transformou num confronto violento entre polícia e manifestantes. Xinjiang tem sido marcada por conflitos étnicos entre uigures e hans. O movimento separatista uigur é uma etnia majoritariamente muçulmana que vê Xinjiang como sua terra natal. Muitos uigures veem a maioria chinesa han como invasora.
Uma porta-voz de Xinjiang afirmou que um grupo de “extremistas religiosos” que se opõem ao governo chinês chegou com dois dias de antecedência à cidade de Hotan e organizou um ataque terrorista. “Eles chegaram em grupos no dia 16, com várias dezenas de facas, incluindo cutelos, machados e canivetes”, disse Hou Hanmin. “Eles também foram ao mercado local para comprar outras facas e materiais para coquetéis molotov e bombas caseiras.”
Primeiro, os homens esfaquearam um guarda uigur no portão da delegacia, antes da invasão. A seguir, eles fizeram vários reféns, dentre eles duas mulheres da etnia han, que foram mortas a facadas. Um oficial paramilitar da etnia han foi morto por uma bomba acionada pelos atacantes, disse Hou. De acordo com a porta-voz, quatro reféns uigures também ficaram feridos. “O ataque tinha componentes étnicos”, comentou. “Eles atacaram a delegacia por oposição ao governo e para criar violência.”
Ela disse que os homens retiraram a bandeira chinesa e hastearam uma bandeira negra com escrita em árabe. Os homens também gritavam palavras de ordem como “guerra santa” e “Alá”, afirmou Hou. Mas a porta-voz afirmou que a bandeira não lembra as usadas pelo Movimento Islâmico do Leste do Turcomenistão, uma organização proscrita que defende a independência de Xinjiang. Segundo a China, o grupo tem ligação com a Al-Qaeda.
A polícia matou a tiros 14 dos extremistas e deteve quatro deles, afirmou Hou, acrescentando que a investigação sobre o incidente de segunda-feira continua. Informações em inglês divulgadas anteriormente pela agência de notícias oficial Xinhua faziam referências aos homens como baderneiros e bandidos, mas não mencionavam terrorismo. Os relatos anteriores não descreveram o ataque em detalhes nem diziam quantos homens estavam envolvidos.
O Congresso Mundial Uigur, grupo sediado na Alemanha, disse em mensagem enviada por e-mail que a violência teve início quando mais de 100 uigures se reuniram para protestar contra a repressão da polícia na cidade. Os manifestantes exigiam saber onde estavam parentes desaparecidos, que acreditavam estar sob custódia policial, disse o grupo, que tem fontes anônimas em Xinjiang.
Segundo o grupo, os protestos se transformaram um confronto violento e a polícia abriu fogo. O porta-voz do Congresso Mundial Uigur, Dilxat Raxit, disse por telefone hoje que 20 uigures foram mortos e 12 ficaram feridos, dos quais três em estado grave. Ele também pediu uma investigação independente sobre os fatos.
Já Hou disse que os relato é “sem sentido”. “De forma alguma houve um protesto pacífico”, afirmou. É difícil obter informações independentes em Xinjiang, porque o governo controla a população local e as pessoas temem enfrentar problemas se falarem com desconhecidos. As informações são da Associated Press.