O Japão não deve descartar a possibilidade de o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procurar um acordo multilateral para enfraquecer o dólar se a moeda continuar a se valorizar, de acordo com um assessor do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
“Não estamos em um situação em que podemos dizer que os EUA não farão isso”, disse Koichi Hamada, em uma entrevista concedida ao Wall Street Journal, nesta sexta-feira. “Trump é imprevisível”.
Hamada referia-se à possibilidade de Trump tentar algo similar ao Acordo de Plaza. O tratado de 1985 assinado entre EUA, Japão, Alemanha Ocidental, França e Reino Unido, tinha como objetivo enfraquecer o dólar para resolver o déficit comercial americano, principalmente em relação ao Japão. O dólar caiu de 240 ienes para 150 ienes em um ano, representando um duro golpe às exportações japonesas.
O Acordo de Plaza empurrou a economia do Japão para uma queda profunda, e em anos posteriores, o país foi longe demais ao tentar estimular a economia”, causando uma bolha econômica, segundo Hamada. Essa bolha explodiu de forma violenta em 1990, estabelecendo um período de crescimento baixo e deflação que ainda persiste. “Isso causou muitos problemas irritantes”, afirmou.
A visão de Hamada é partilhada por muitos economistas no Japão, mas o outro lado do debate tem uma visão bem diferente. Dan DiMicco, um importante conselheiro comercial de Trump, referiu-se ao acordo com a “estratégia correta” para impulsionar o comércio e diminuir a manipulação cambial, em seu livro publicado em 2015.
Se Trump pressionar por um pacto similar, “o Japão deve enviar uma mensagem de que não vai cumpri-lo”, disse Hamada. “O Japão deve ser cauteloso ao escutar as demandas”. É mais provável que a política comercial protecionista e os planos de estímulos de Trump impulsionem o dólar que o enfraqueça, segundo o assessor da Abe.
Eisuke Sakakibara, formalmente a autoridade máxima de câmbio no Japão, rejeitou qualquer ideia sobre um novo Acordo de Plaza. A participação da China agora seria essencial para que tal acordo se concretize, dada sua enorme participação no déficit comercial americano, mas a postura de Pequim sugere que eles não devem cooperar, segundo Sakakibara.
Hamada disse que está tentando agendar uma reunião entre Abe e o prêmio Nobel, Christopher Sims. Ele espera que eles discutam a necessidade de evitar qualquer pressa na decisão de aumentar a taxação sobre as vendas. Sims estará em Tóquio no começo de fevereiro. Fonte: Dow Jones Newswires.