Foto: João de Noronha/O Estado |
Rubens Mazza: ?98% de transpiração e 2% de inspiração?. continua após a publicidade |
Encerradas as inscrições para o vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), como há anos, constata-se que três cursos continuam os mais procurados. Para Medicina são mais de 5,2 mil inscritos, uma concorrência de 29,79 candidatos por vaga. Em segundo lugar está Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, com 870 inscritos e 29 candidatos na disputa por uma vaga. Para Direito, noturno e matutino, foram quase quatro mil inscritos e a concorrência chega a 22,65 candidato/vaga. O que faz com que essas profissões sejam as mais desejadas e como o mercado de trabalho responde a essa demanda é o que O Estado procurou saber junto aos profissionais das áreas.
A vice-coordenadora do curso de Medicina da UFPR, ginecologista e obstetra Marta Rehme, acredita que muitos dos que procuram a profissão de médico ainda o fazem pelo status. ?Acho que ainda é uma das únicas profissões que dá condições ao profissional de ser autônomo. Ainda há esta vantagem. Porém, também acredito que quem procura a profissão é quem tem vontade de servir e tirar os sofrimentos das pessoas. Pelo menos é preciso que exista esta consciência e sensibilidade em relação a esse trabalho que é de amor?, afirma.
Como explica a médica, no geral, na área de saúde há mercado para atender os profissionais que se formam nas quatro escolas de Medicina de Curitiba. O que acontece é que todos querem ficar na capital, quando uma necessidade muito maior existe no interior. ?O crescimento profissional depende do que cada um escolher. Com o diploma e o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), você pode atuar em consultório, em hospitais, ambulatórios, nos postos de saúde, com medicina de grupo ou ainda seguir a carreira acadêmica?, orienta. Segundo Marta, o aluno conclui a faculdade como médico generalista. Para especializar-se existe a residência, na área de pretensão. ?Uma área em crescimento, à qual os recém-formados devem se atentar, é a medicina da família?, indica a professora.
Vida
Marta Rehme ainda deixa uma dica aos alunos que entrarão no próximo vestibular. ?Por mais sacrificado que seja, tanto a faculdade como o exercício da profissão, o aluno deve saber conciliar: nunca colocar a profissão acima de tudo, mas zelar pela família e pela qualidade de vida. O aluno que está entrando não pode se iludir que vai entrar na profissão para enriquecer, é preciso entrar com espírito para sempre estudar. O que devemos pensar é que o que fizermos com dedicação e qualidade, o reconhecimento vem como conseqüência?, afirma.
Criatividade
O coordenador do curso de Publicidade e Propaganda da UFPR, Rubens Sprada Mazza, diz que quando entrou na profissão o fez porque já trabalhava na área e, além do gosto, tinha aptidão. ?Eu também queria saber porque os estudantes procuram a Publicidade e Propaganda. O que eu acho é que eles são muito crianças para optar e pensar em tudo o que essa escolha representa?, afirma. Segundo ele, com um diploma do curso são muitas as opções. ?Dentro da agência você pode optar pela criação, redação, direção de arte, mídia, atendimento e planejamento. Fora pode atuar, entre outras áreas, no comercial dos veículos de comunicação?, indica. No entanto o problema, segundo ele, é que o mercado está cada vez mais reduzido. ?Não há como ter perspectiva de crescimento profissional se não houver mercado?, diz Rubens.
O publicitário elenca os prós e contras da profissão. ?O pró é que não existe profissão mais gostosa do que a que você trabalha com criatividade. Cada campanha é um desafio e atingir o que você pretende é muito bacana. O lado negativo é que você trabalha cada vez mais com verbas menores e veículos mais caros. A cada ano os cortes em investimentos em publicidade são maiores. O que o aluno que entra deve pensar é que se trata de uma profissão 98% transpiração e 2% inspiração. Estudar, ler muito, sair dos nosso limites é o segredo do sucesso no mercado?, orienta Mazza.
Oceanografia: procura pelo curso cresce a cada ano
Oceanografia é um curso que, a cada ano, tem atraído mais inscritos. Para o próximo vestibular foram 387, ou seja, quase 13 candidatos por vaga. Apesar da grande procura, o número não surpreende os profissionais da instituição.
?Tem aumentado a procura ao longo dos anos em função do próprio chamariz que é o mar. Além disso, a profissão está em bastante evidência na mídia, o que atrai os jovens. E não deixa de ser um campo novo, com grande oportunidades para os próximos formandos?, explica o coordenador do curso Maurício Camargo.
O curso é ministrado em módulos, as disciplinas são ensinadas uma de cada vez. Essa imersão, segundo o professor, melhora o aprendizado. O oceano é estudado não apenas na Biologia, mas também na Física, Química, Geologia e Sociologia.
Há alguns anos, o profissional que se formava na área tinha poucas opções, quase sempre os concursos públicos. O que mudou.
?Hoje a oceanografia é uma área muito valorizada no mercado. As empresas privadas cada vez mais procuram o oceanógrafo, assim como as organizações não governamentais (ONG). O profissional é conceituado no mercado pela ampla formação. Muitos dos nossos alunos têm saído já com emprego?, afirma Camargo. (NF)
Disputa no mercado de trabalho
O coordenador do curso de Direito da UFPR, o advogado Edson Isfer, considera a ?teia? de oportunidades de atuação o principal chamariz da profissão. ?Dos alunos o que posso constatar é que o Direito é o mais procurado pela gama de profissões que o curso te concede e autoriza. Principalmente em setor público, onde os concursos te permitem ampliar a base para um novo mercado?, explica.
Como orienta o professor, com o diploma do curso de Direito é possível advogar, seguir os concursos para Ministério Público, Magistratura Federal, Magistratura Estadual, delegado, procurador do estado, procurador do município, procurador federal, procurador de autarquia, além de assumir funções indiretas como a de auditor jurídico.
As opções são muitas, mas Isfer alerta que ?em Curitiba e Região Metropolitana, atualmente funcionam 26 escolas de Direito. O que é um excesso, pois o mercador não atende essa demanda?. As dicas que ele dá aos novos alunos que entrarão no curso é que tenham cuidado na escolha. ?Hoje, o mercado de trabalho está cada vez mais ligado com o curso que se está fazendo. As empresas, cada vez mais, estão olhando o currículo dos formandos. Além deste cuidado, é importante que as pessoas que entram não deixem de lado a aptidão, pensando apenas na questão financeira. O prazer das pessoas e a boa atividade é o segredo do sucesso na profissão?, orienta Isfer.
Entre os prós de ser advogado, o profissional afirma que os principais são a dialética e a dinâmica que revestem o Direito. Já a grande desvantagem, Isfer diz ser a convivência em um ambiente de ?eterno embate?. (NF)