Autoridades da China ordenaram nesta terça-feira que o artista plástico Ai Weiwei pague 15 milhões de yuans (US$ 2,36 milhões) em impostos atrasados. Segundo ele, a multa é uma ação oficial para “subjugá-lo”.
A multa é dada após a libertação de Ai em junho, depois de 81 dias na cadeia. Autoridades disseram que a detenção ocorreu por causa de sonegação de impostos, mas durante o período ele afirmou ter sido várias vezes interrogado por suas ligações com o tema dos direitos humanos.
“Eles me deram uma notificação por escrito hoje, não houve qualquer explicação. Nós questionamos de onde veio esse valor, eles não puderam dar uma resposta clara”, disse Ai. “A notificação diz que tenho 15 dias para pagar. Isso é cerca de 1 milhão de yuans por dia. Se alguém não paga eles colocam na cadeia, talvez até por sete anos. Eu na verdade não tenho ideia”, comentou ele.
Ai, de 54 anos, é um renomado artista conceitual, famoso por integrar a equipe que fez o design do chamado “Ninho do Pássaro”, o Estádio Olímpico de Pequim. Ele disse que pode apelar da conta, mas apenas depois de pagá-la.
O artista plástico afirmou que a multa é uma “injustiça” e foi imposta em uma jogada política do governo para silenciá-lo. “Durante 81 dias, tudo que a polícia falava era sobre subversão do poder estatal, então estou muito surpreso que eles evitem falar sobre política, mas falem sobre esse imposto”, comentou. “Esse é um sinal de que o Estado pode pegar qualquer um que tenha uma opinião política diferente. Eles usam os impostos ou qualquer motivo para fazê-los parecer maus e subjugá-los.”
Ai disse que os impostos estão sendo cobrados como se ele fosse o controlador de fato da Beijing FAKE Cultural Development, companhia onde trabalha, mas que é de sua mulher.
A prisão de Ai causou revolta pelo mundo. Ele foi liberado em junho, por sua suposta “boa atitude” em admitir seus erros, seu compromisso em pagar os impostos que supostamente devia e por razões médicas, segundo autoridades. O artista tem diabetes.
Os problemas de Ai com autoridades começaram quando ele começou a investigar o colapso de escolas no terremoto de 2008 em 2008 e um incêndio em Xangai que matou dezenas em 2010. Ele disse que a polícia tentou agredi-lo quando ele tentou testemunhar a favor de outro ativista, em 2009.
No mês passado, ele foi apontado como o artista mais influente do mundo pela importante revista britânica Art Review. As informações são da Dow Jones.