Os históricos esforços para estabelecer laços diplomáticos entre a Armênia e a Turquia podem naufragar, advertiu hoje o ministro das Relações Exteriores armênio. Segundo ele, Ancara está obstruindo o processo. “Se a Turquia não está pronta para ratificar os protocolos, se continua a falar em ultimatos, estabelecer precondições e obstruir o processo, então eu não excluo que as negociações irão fracassar”, afirmou o ministro Eduard Nalbandian.

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Os comentários foram feitos após os esforços bilaterais para o estabelecimento de relações atingirem novas dificuldades nesta semana, após décadas de hostilidades. Os dois lados trocam acusações sobre supostas tentativas para modificar um histórico acordo.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou o governo da Armênia de tentar “alterar” o acordo. Segundo Erdogan, a Corte Constitucional da Armênia impôs neste mês novas condições para o pacto. Nalbandian rebateu as acusações, qualificando-as como “absurdas” e “fora da realidade”.

“Não se acreditará nessas declarações, não apenas na comunidade internacional, mas na própria Turquia”, afirmou o ministro armênio. Já a Armênia acusa a Turquia de tentar estabelecer novas condições para um acordo, ao vinculá-lo ao conflito entre a Armênia e o Azerbaijão, um aliado turco, sobre a disputada região de Nagorno-Karabakh.

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Nalbandian disse que não espera qualquer avanço sobre essa região em breve. Segundo ele, é preciso que as autoridades do Azerbaijão tenham “uma abordagem mais construtiva” para haver mudanças.

Reabertura da fronteira

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A Turquia e a Armênia firmaram dois protocolos em outubro para restabelecer laços diplomáticos e reabrir a fronteira comum. O acordo foi visto como histórico, um passo importante para encerrar décadas de hostilidades, relacionadas aos massacres de armênios durante o domínio otomano, na Primeira Guerra (1914-18).

A Corte Constitucional armênia decidiu no dia 12 de janeiro que o texto era legal, mas notou que ele “não pode” contradizer um parágrafo que consta na declaração de independência armênia de 1990, que se refere “ao genocídio de 1915 na Turquia Otomana e no oeste da Armênia”. A recusa dos turcos em estabelecer laços diplomáticos com a Armênia ocorre em parte pelas tentativas dos armênios de que os massacres sejam reconhecidos internacionalmente como um genocídio.

O governo turco afirmou hoje que espera uma “explicação” do outro lado sobre a decisão judicial. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, disse ter telefonado para Nalbandian, que alegou que o pronunciamento da corte não afeta o acordo. Davutoglu disse, porém, aguardar uma explicação “mais clara” sobre o tema. As informações são da Dow Jones.