A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, vai defender hoje, em Washington, que os países em desenvolvimento não sofram com limites ao avanço nuclear. Cristina fará coro à proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarcou nesta segunda-feira na capital americana, onde se realiza a Cúpula de Segurança Nuclear. “Não falamos de pacifismo porque não temos desenvolvimento nuclear. Ao contrário, temos um forte desenvolvimento, mas voltado ao aspecto científico e tecnológico para energia e medicina”, disse Cristina à imprensa argentina.
A cúpula que reúne mais de 40 presidentes, hoje e amanhã, foi convocada pelo presidente norte-americano, Barack Obama. O objetivo é discutir a cooperação internacional na área de proteção física de material, instalações nucleares e combate ao terrorismo nuclear. O Ministério de Relações Exteriores do Brasil distribuiu uma nota sobre o assunto, na qual expressa que “a segurança nuclear é fundamental para impulsionar o uso pacífico da energia nuclear, concorrendo para sua aceitação pública e para a prevenção de acidentes e atentados radiológicos”.
No entanto, a cúpula só vai discutir a questão nuclear civil e não de armamento. Esse detalhe específico das discussões não é menor e preocupa a delegação do governo argentino. Fontes diplomáticas estimam que os países ricos, sem discutir controles sobre seus arsenais, tentarão impor condições e limites aos demais Estados e seus respectivos desenvolvimentos da energia nuclear.
A cúpula entre os presidentes terá início com um jantar de trabalho e continua na terça-feira, quando serão assinados dois documentos: um político e um técnico. Nas discussões prévias, Argentina e Brasil estiveram entre os países que pediram mudanças nos documentos, porque consideram que as nações que possuem arsenal nuclear deveriam ter maiores requisitos de segurança que as demais.
“Defendemos a não-proliferação e o desarmamento. Mas isso não pode significar que os países em desenvolvimento não possam ter acesso ao ciclo completo da energia nuclear”, afirmou o chanceler Jorge Taiana aos jornalistas argentinos ontem. A Argentina possui três usinas nucleares e planeja construir a quarta ainda nesse ano.