O governo argentino deu sinais de que não concorda com a venda dos ativos da Esso na Argentina para a Petrobras, principal interessada na operação. Um porta-voz do Ministério de Planejamento manifestou aos jornais Clarín e Ámbito Financiero "mal-estar" no governo diante das versões de que a Petrobras seria um dos fortes candidatos a adquirir a refinaria da Esso no país.

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"A Petrobras deve, primeiro, cumprir com os planos de investimentos comprometidos na Argentina", disse o porta-voz ao Clarín, no mesmo dia em que venceu o prazo para a apresentação de ofertas ao negócio e em que a Secretaria de Ambiente fechou a planta de armazenamento da Petrobras, segundo o jornal.

Ao jornal Ámbito Financiero, o porta-voz deixou claro que o ministro Julio de Vido, braço direito do presidente Néstor Kirchner e caixa-forte do governo, não quer a Petrobras envolvida na operação da Esso.

Com estas declarações e o fechamento da planta da subsidiária da companhia brasileira na Argentina, Kirchner enviou uma mensagem direta e pública que prefere a venda da Esso para outra companhia. Essa é a leitura que o mercado fez dos últimos acontecimentos envolvendo a operação de venda dos ativos da Esso. Entre os interessados possíveis que contam com o apoio da Casa Rosada estão: Enarsa, a estatal criada por Kirchner, Petróleos de Venezuela (PDVSA) que entraria no negócio como sócia de Enarsa, os grupos locais Miguens-Bemberg, dono de Central Puerto (companhia de eletricidade) e ex-dono da cervejaria Quilmes, vendida pela brasileira AmBev, e Dolphin de Marcelo Mindlin, que comprou Edenor e centrais de geração.

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O porta-voz do Planejamento também recordou que a operação de venda de ativos da Esso precisa ser aprovada pela Comissão de Nacional de Defesa da Concorrência, porque o mercado de combustíveis tem hoje quatro empresas grandes: Repsol YPF, Shell Esso e Petrobras, e passaria a ter três. Esse organismo poderia vetar a venda se entender que haverá concentração ou alguma irregularidade que possa ferir os interesses nacionais. Se a Petrobras adquirir os ativos da Esso, sua participação no mercado chegaria a 35% na área de refino e cerca de 30% dos postos de serviços.