Os ataques de militares argelinos contra o complexo industrial de gás natural, no sul da Argélia, onde radicais islamitas mantinham centenas de reféns, não foi o suficiente para acabar com a crise no local. Durante a madrugada de sexta-feira, o governo do país afirmou que a ofensiva havia terminado, no entanto o Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido disse, pela manhã, que “o incidente terrorista ainda está acontecendo”.
O destino dos rebeldes e de muitos reféns permanece incerto. Além disso, as declarações controversas de militares e militantes têm turvado a compreensão do mundo sobre o evento que enfureceu os líderes ocidentais. Os rebeldes afirmam que o número de mortes já chega a 48, sendo que 34 pessoas eram reféns e 14, sequestradores. Por outro lado, a Associated Press calcula apenas 6 mortos, incluindo cidadãos filipinos, britânicos e argelinos, e uma fonte das forças de segurança afirmou, citada pela Dow Jones, diz que o total de reféns mortos chega a 18.
De acordo com uma fonte das forças de segurança locais, alguns islamitas ainda estão presos no complexo industrial, acrescentando que é “difícil discutir uma operação em andamento”. Muitos trabalhadores estrangeiros conseguiram fugir do complexo de In Amenas. No entanto, norte-americanos, britânicos, franceses, noruegueses, romanos, malaios, japoneses, argelinos e os próprios sequestradores ainda estão desaparecidos.
Os detalhes sobre a situação “ainda não estão claros”, disse o secretário do Ministério de Relações Exteriores britânico, William Hague, acrescentando que “a responsabilidade pelos trágicos eventos dos últimos dois dias permanece exclusivamente sobre os terroristas que escolheram atacar trabalhadores inocentes, assassinando alguns e mantendo outros em cativeiro”.
Nesta sexta-feira, o embaixador da Argélia no Japão, Sid Ali Ketrandji, foi convocado pelo Ministério de Relações Exteriores do país para dar respostas sobre a operação de resgate. “Baseado em um forte pedido do primeiro-ministro Shinzo Abe, nós pedimos novamente que a Argélia ofereça rapidamente informações atualizadas e priorize a proteção de vidas humanas”, disse o vice-ministro Shunichi Suzuki.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, conversou duas vezes com o premiê da Argélia na quinta-feira e estava “preparado para receber más notícias”, segundo o governo. Outra autoridade que pediu mais informações foi o ministro do Interior da França, Manuel Valls, acrescentando que a situação está obscura.
Uma fonte do Departamento de Defesa dos EUA disse que alguns norte-americanos escaparam, outros ainda estavam detidos ou desaparecidos. O secretário de Defesa Leon Panetta foi informado sobre o caso nesta sexta-feira, de acordo com a fonte que preferiu não se identificar. O governo dos EUA enviou um avião não tripulado de vigilância para o complexo operado pela British Petroleum, perto da fronteira com a Líbia, mas pouco pode fazer a não ser acompanhar a intervenção militar argelina na quinta-feira.
A Statoil, que gerencia o complexo com a BP, afirmou que um norueguês conseguiu fugir com segurança do local, mas oito trabalhadores da empresa ainda estão desaparecidos. O porta-voz da Statoil, Bard Glad Pedersen, contou a repórteres que o cidadão da Noruega está recebendo tratamento médico em um hospital em In Amenas, mas “a situação dos outro oito ainda não está resolvida”.
O ministro das Comunicações da Argélia, Mohamed Said, informou, enquanto a operação militar contra o complexo ainda estava em andamento, que 40 argelinos e 3 estrangeiros haviam sido libertados. Uma fonte da área de segurança havia dito mais cedo que 25 reféns estrangeiros escaparam. Os cerca de 600 funcionários argelinos que também eram mantidos em cativeiro aproveitaram a vigilância menos estreita sobre eles – o foco dos sequestradores eram os estrangeiros – e também fugiram. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.