Foto: Arquivo |
Foi o tempo em que apenas peixes povoavam os aquários nas casas. Hoje, animais como rãs e caramujos também estão presentes. continua após a publicidade |
Não são mais apenas os peixes que povoam os aquários colocados como artigos decorativos em ambientes domésticos e de trabalho. Agora, eles dividem espaço com lagostas, caramujos, caranguejos e mesmo pequenas rãs albinas. Os animais dão um toque exótico à prática do aquarismo, despertando a curiosidade e chamando a atenção das pessoas.
?Muitos dos animais exóticos, além de proporcionarem beleza aos aquários, trazem benefícios aos mesmos, ajudando a mantê-los limpos. As espécies comercializadas ainda são consideradas novidades dentro do aquarismo, agradando a algumas pessoas e parecendo um pouco estranhas a outras?, comenta o consultor em aquarismo Wander Nascimento, que é proprietário do Aquarium Flora & Fauna, localizado no bairro Santa Felicidade, em Curitiba.
Por não serem originários do Brasil, os animais existentes no mercado não podem ser soltos na natureza. Quem adquirir um deles e depois de um tempo, por qualquer razão, não puder ou não quiser mais mantê-lo, deve doá-lo à uma loja de aquários ou à alguma pessoa conhecida que possa se responsabilizar pelo bicho. A soltura indiscriminada pode resultar em desequilíbrio ambiental, sendo que a espécie exótica pode vir a disputar espaço e alimento com espécies nacionais.
Muitos dos animais exóticos encontrados à venda no mercado são específicos para aquários de água doce, podendo ser mantidos com certa tranqüilidade, com baixo investimento financeiro, sem necessidade de grandes esforços e sem tomar muito tempo dos proprietários. Entre eles estão: o caramujo amarelo ou albino, o caranguejo poã e a rã albina.
Caramujo
Os caramujos amarelos ou albinos (Corbicula sp.) se alimentam de algas depositadas em vidros, troncos e ornamentos. Quando mantidos junto com peixes, comem os restos de ração dos mesmos, contribuindo com a limpeza do aquário. ?Os caramujos são excepcionais comedores de algas ?peteca? que se depositam no cascalho de fundo dos aquários. Estas algas são consideradas pragas e geralmente muito difíceis de serem eliminadas?, diz Wander.
Hermafroditas, os caramujos são considerados muito resistentes e se reproduzem no aquário. Porém, como colocam ovos fora da água, são de fácil controle e não há perigo de virarem pragas. Uma característica curiosa do animal é que periodicamente ele entra em estado de dormência, passando longos períodos dentro de sua concha. Muitas vezes, pessoas desavisadas o jogam fora achando que ele está morto. o que realmente acontece é que quando o animal morre, ele sai para fora da concha.
Cada caramujo custa entre R$ 1,50 e R$ 4. O aconselhável é que os animais sejam mantidos em grupos de três ou mais indivíduos.
Caranguejo poã
Presente em grande parte do mundo, o caranguejo poã é encontrado em enormes grupos no Brasil, habitando toda a costa do País. Na natureza, ele passa boa parte do tempo na terra, indo para dentro d?água apenas para procurar alimentos (principalmente material em putrefação). ?Quando livres na natureza, os caranguejos machos sobem em locais altos para acenar para o sol. São vistos em grupos grandes dando pequenos soquinhos com a garras como se estivessem realmente acenando?, conta o consultor em aquarismo.
Em aquários, o caranguejo se adapta e passa a viver apenas dentro da água, desenvolvendo respiração branquial. Ele pode viver mesmo em ambientes pequenos e em qualquer temperatura, necessitando que haja apenas circulação da água doce ou salobra. Os machos se diferem das fêmeas pelo tamanho das garras. Elas as possuem bem menores do que eles. Todos os indivíduos trocam de carapaça e também ajudam a manter a higiene do aquário. Custam entre R$ 3 e R$ 5, tendo tempo de vida indeterminado.
Rã albina
Originária de Singapura, no continente asiático, a rã albina pode ser mantida em casa até mesmo dentro de uma bacia. Ela não necessita nem de controle de temperatura, nem de circulação de água, precisando apenas que a mesma seja trocada uma vez por semana. Embora respire fora da água, não costuma sair de dentro da mesma. Desta forma, não há perigo de ela sair andando pela casa e se perder ou mesmo assustar alguma visita.
A rã se alimenta de ração de peixes, anfíbios e répteis (como tartarugas) e é encontrada à venda por preços que variam de R$ 15 a R$ 30. Ela pode ser vista em tamanhos variados, convivendo bem com peixes grandes. Só não deve ser mantida com peixes muito pequenos, podendo vir a predá-los. O animal é ativo durante todo o dia, sendo considerado simpático e engraçado.
Lagostas são grandes novidades
Foto: Valquir Aureliano |
Wander: ?Animais exóticos trazem benefícios aos aquários?. |
Embora ainda seja considerada novidade, também está se tornando comum nos aquários de água doce a presença de lagostas. Três delas se destacam e são encontradas mais facilmente para comercialização: lagosta filtradora, lagosta vermelha e lagosta cherax.
Elas ajudam a manter a limpeza do ambiente em que vivem e trocam a ?casca? (exoesqueleto) à medida em que vão crescendo. Parte desta é comida, pois é considerada rica em proteínas. Resistentes, as três espécies podem viver bastante tempo e não necessitam de muitos cuidados. São sensíveis apenas à utilização de remédios para parasitas colocados na água com o objetivo de manter a saúde de peixes. Os medicamentos podem matá-las.
Filtradora
No mercado de aquarismo há cerca de quatro anos, a lagosta filtradora é encontrada nas cores azul petróleo, marrom e castanho-avermelhado. Ela mede até doze centímetros e deve ser deixada em grupos de três ou quatro indivíduos, dificilmente se reproduzindo dentro do aquário. Assim como o caranguejo poã, para viver só necessita de circulação de água, que pode ser feita através da utilização de bomba ou filtro.
Com garras pequenas, o animal não é considerado predador, podendo tranqüilamente ser deixado junto com peixes. Como alimento, ele procura na água zooplanctos e restos de ração. Passa grande parte do dia entocado e, por isso, é aconselhável que tenha algum objeto dentro do aquário no qual possa se esconder.
Vermelha
A lagosta vermelha tem como nome científico Procambarus clarkii. Como o próprio nome diz, ela é avermelhada, podendo ser encontrada nos tons vermelho-sangue a bordô. Algumas vezes, também é vista na cor marrom, embora seja mais raro. Podendo atingir vinte centímetros de comprimento, come tudo o que encontra no aquário, como materiais em putrefação, restos de ração e mesmo plantas.
Considerada predadora, deve ser mantida sozinha (um indivíduo em aquários pequenos ou mais de um em aquários grandes) ou com peixes ágeis, que saibam se livrar dela. Caso contrário, estes podem vir a ser devorados. Há cerca de dez anos no mercado, custa entre R$ 4 e R$ 12, também não se reproduzindo no aquário.
Cherax
De origem australiana, a lagosta cherax é encontrada no mercado brasileiro de aquarismo há apenas dois anos, custando entre R$ 40 e R$ 60. Considerada mais robusta que a filtradora e a vermelha, pode atingir tamanho de até 25 centímetros. Com corpo ciano esverdeado e detalhes em vermelho fogo nas patas, é considerada um animal de grande beleza. Come restos de ração, peixes e plantas, dificilmente sendo mantidas no mesmo ambiente que estes. ?As pessoas geralmente precisam de um aquário próprio para mantê-las?, finaliza Wander.