As eleições primárias na Argentina se desenvolvem com tranquilidade neste domingo e os primeiros números oficiais só deverão começar a ser divulgados por volta das 23 horas, segundo a Câmara Nacional Eleitoral, equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro. Sem urna eletrônica no país, a apuração será lenta, especialmente para contagem dos votos do maior colégio eleitoral do país, a província de Buenos Aires, que representa 37,52% dos eleitores.

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Pelo tamanho da sua representatividade, a província define as eleições presidenciais do país. Dezenas de mesas eleitorais sofreram atrasos na abertura. Algumas, em consequência da falta de urnas e cédulas, outras por ausência de mesários. Nos distritos eleitorais onde a disputa é mais apertada entre o governo e os candidatos da oposição, é comum o “desaparecimento” das cédulas. Isso ocorre porque as cédulas, que parecem panfletos, são distribuídas pelos partidos políticos e não pela Justiça Eleitoral, como ocorre no Brasil.

A responsabilidade pela confecção e distribuição das cédulas é inteiramente dos partidos, que as deixam na seção eleitoral à disposição dos eleitores. Qualquer eleitor que entra na sessão tem acesso a todas as células, que não são controladas por nenhum fiscal ou mesário. O sistema eleitoral argentino é arcaico, sujeito a intempéries políticas e de difícil compreensão para os eleitores brasileiros. As candidaturas funcionam com listas fechadas.

As listas são ordenadas pelos partidos e encabeçadas pelos políticos mais conhecidos, os que puxam os votos para os candidatos das listas. São múltiplas listas dentro de um mesmo partido porque há diferentes coligações nacionais, provinciais (estaduais) e municipais. Muitas vezes, quem está votando guiado pelos nomes dos primeiros das listas não consegue saber bem em quem realmente está votando.

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Os 11 milhões de eleitores bonaerenses compõem um voto tradicionalmente peronista, dividido entre o voto urbano e rural. No primeiro, a Casa Rosada teme o “voto vingança” contra a presidente Cristina Kirchner provocado pelos líderes excluídos das listas através do “corte de boleta” – o eleitor pode cortar a cédula e votar, por exemplo, em Cristina para presidente, mas não na sua lista de candidatos aos demais cargos. No segundo, o temor está relacionado ao “voto do campo”, que representa os produtores rurais, em conflito com Cristina desde 2008.

Exemplo disso ocorreu em Santa Fé e Córdoba, segundo e quarto maiores colégios eleitorais do país, e que concentram grande parte da produção agrícola nacional. Nestas províncias, o grupo político da presidente, a Frente pela Vitória (FPV), amargou derrotas esmagadoras, que foram somadas aos resultados da capital federal, onde a derrota oficial foi humilhante.

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Formalmente, o candidato da Casa Rosada ao governo da província de Buenos Aires é o atual governador, Daniel Scioli. Mas também há outras duas listas peronistas encabeçadas por Cristina Kirchner concorrendo ao governo: Mario Ishii e Martín Sabbatella. Nos 135 municípios de Buenos Aires, as múltiplas listas se replicam, complicando a apuração dos votos.