Aprovação de Bachelet não transfere voto a Eduardo Frei

Apesar da aprovação que chegou a 80% em outubro – a maior de um presidente chileno desde a redemocratização -, Michelle Bachelet não consegue converter sua popularidade em votos para seu candidato nas eleições de domingo, o ex-presidente Eduardo Frei. Segundo pesquisa divulgada quarta-feira pelo Centro de Estudos da Realidade Contemporânea (Cerc), Frei tem apenas 31% das intenções de voto – e o candidato conservador Sebastián Piñera, 44%.

O cientista político chileno Guillermo Holzmann, professor do Instituto de Assuntos Públicos da Universidade do Chile, destaca que o fenômeno do personalismo, característica da América Latina, tem crescido ainda mais nos últimos anos. “A população é grata pelos programas sociais implementados por um líder carismático, mas a confiança nos partidos e na classe política como um todo está em queda livre. E, com isso, líderes populares não conseguem fazer sucessores.”

O resultado é que Bachelet pode passar para a história com um legado ambíguo. De um lado, foi a presidente mais popular da Concertação, a coalizão de centro-esquerda que governa o Chile desde a queda do regime de Augusto Pinochet (1973-1990). Do outro, pode ter de passar a faixa presidencial para um político da direita.

Agnóstica e mãe solteira de três filhos – num país que legalizou o divórcio apenas em 2004 -, Bachelet conquistou apoio dentro e fora do Chile por seu carisma. Frei, ao contrário, é uma figura mais tímida, descrita por seus próprios aliados como “sem brilho”.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna