Após longa agonia, morre João Paulo II

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Terminou ontem um dos mais
longos papados da história.

Cidade do Vaticano – O papa João Paulo Segundo, o pontífice polaco que conduziu a Igreja Católica por mais de um quarto de século e foi de longe o que mais viajou na história, morreu ontem aos 84 anos de idade, anunciou o Vaticano. ?O Santo Padre faleceu neste último sábado, dia 2, às 21h37 (16h37, horário de Brasília) em seu apartamento. Foram colocados em marcha todos os procedimentos estabelecidos na constituição apostólica Universi dominici gregis, escrita por João Paulo Segundo em 22 de fevereiro de 1996?, segundo anúncio escrito pelo porta-voz Joaquín Navarro-Valls e distribuído aos jornalistas por e-mail.

O pontífice faleceu depois de sofrer insuficiência cardíaca e renal. João Paulo esteve internado num hospital por duas vezes nos dois últimos meses. Poucas horas antes, o Vaticano havia emitido um comunicado afirmando que o estado do papa era ?gravíssimo?, mas que ainda respondia a seus assessores.

O cardeal Angelo Sodano, o segundo na hierarquia da Santa Sé, imediatamente conduziu orações na Praça de São Pedro, ante cerca de 70 mil pessoas que não conseguiam conter as lágrimas e que haviam começado uma vigília. Alguns fiéis colocavam as mãos na cabeça, incrédulos. Outros choravam copiosamente. As venezianas do quarto do papa continuavam abertas depois do anúncio.

Desde sua surpreendente eleição em 1978, João Paulo Segundo viajou com freqüência por todo o mundo, opondo-se energicamente ao comunismo tanto em sua Polônia natal como em todo o antigo bloco soviético, ao mesmo tempo que criticava o consumismo, os métodos anticoncepcionais não-naturais e o aborto.

Vitalidade

João Paulo era um homem robusto de 58 anos quando os cardeais surpreenderam o mundo e elegeram o cardeal de Cracóvia como o primeiro papa não italiano em 455 anos. Mas nos últimos anos, João Paulo era a imagem da fragilidade, acossado por doenças, principalmente o mal de Parkinson. Ainda realizava viagens pelo mundo, mas estava cada vez mais débil e sem mobilidade.

Determinado adversário do comunismo, provocou a faísca que ajudou a derrubá-lo na Polônia, de onde uma revolução incontrolável se espalhou pelo resto do bloco soviético. Até mesmo o último presidente soviético, Mikhail Gorbatchev, reconheceu sua grande importância na revolução.

Por outro lado, João Paulo não era admirador do estilo de vida ocidental, ao qual criticava por seu consumismo exagerado e a promiscuidade.

Febre alta

Na noite de quinta-feira, o Vaticano anunciou que ele estava com uma febre alta, atribuída a uma infecção urinária que resultou numa parada cardíaca e renal.

Ontem, Navarro-Valls havia dito que João Paulo não estava em coma e que abria os olhos, mas admitiu que desde a madrugada ?apareceram os primeiros sinais de que sua consciência foi afetada?.

?Está consciente de que o Senhor está por acolhê-lo?, adiantou na tarde de ontem o cardeal Joseph Ratzinger, um dos mais próximos colaboradores do papa.

Funerais do papa devem começar na quarta-feira

Cidade do Vaticano – As homenagens fúnebres ao papa João Paulo II estão programadas para quarta-feira, 6 de abril, antecipou ontem o jornal italiano La Repubblica. O Vaticano não havia confirmado a data dos funerais ainda que, segundo a Constituição Apostólica promulgada pelo mesmo João Paulo II em 1996, deva ser entre o quarto e sexto dia após a sua morte.

O documento estabelece com precisão todo o procedimento que deverá ser seguido à risca para as exéquias, e para a escolha de seu sucessor. Assim que o camerlengo da Igreja Católica constata a morte do pontífice e anuncia a notícia ao povo de Roma, os cardeais devem fixar o dia, hora e modalidades do transporte do corpo do papa à basílica do Vaticano para ser exposto ?à homenagem dos fiéis?.

O camerlengo assume então de forma interina o cargo do papa, até a eleição de um sucessor. Ele também é encarregado de convocar o primeiro conclave, a reunião de cardeais para escolher o novo pontífice.

Missa

Delegações dos governos do mundo inteiro assistem tradicionalmente à missa fúnebre realizada pelos cardeais e presidida pelo decano do sacro colégio. O conclave deve começar dentro de duas semanas. De acordo com a última reforma, os cardeais eleitores não morarão mais no palácio apostólico – como acontecia no passado – mas num hotel localizado dentro do Vaticano.

Desde as primeiras reuniões, ou ?consultas? prévias ao conclave, os cardeais devem ler – se ele existir – o testamento ou os documentos deixados pelo pontífice morto.

Além disso, eles devem quebrar o anel apostólico e o selo de chumbo com os quais foram enviadas as Cartas Apostólicas durante seu pontificado. Os cardeais também têm de tomar medidas práticas, como aprovar um orçamento de gastos corriqueiros até a eleição do sucessor.

Local

De acordo com a tradição, nem sempre respeitada, o papa deve ser enterrado na basílica do Vaticano, perto do túmulo de São Pedro, o que João Paulo II confirmou em sua Constituição apostólica Universi dominici gregis de 1996.

Entretanto, os cardeais só vão tomar uma decisão depois de lerem o testamento do sumo pontífice, que, segundo seus compatriotas, desejava ser enterrado no jazigo de sua família, em Wadowice, perto de Cracóvia.

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