Pouco depois do meio-dia de 16 de outubro de 1793, a guilhotina caiu sobre Maria Antonieta. Segurando-a pelo cabelo, seu carrasco levantou a cabeça da monarca como um troféu e, diante da massa, gritou: “Viva a República”. Ela havia sido condenada por vários crimes, incluindo o de “esgotamento do tesouro nacional”.

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Agora, mais de 200 anos depois, as joias que ornamentaram aquele pescoço vão a leilão nesta quarta-feira, 14, em Genebra. Guardada por dois séculos longe dos olhos do público, uma rara coleção será colocada à venda e promete atingir milhões de euros.

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De acordo com a Sotheby’s, as joias de Maria Antonieta foram secretamente retiradas de Paris em 1971, quando ela e seu marido, o rei Luis XVI, escapavam da Revolução Francesa. Ao longo dos anos, elas permaneceram entre monarcas e famílias reais. Agora, parte está sendo leiloada pela casa real de Bourbon-Parma.

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Das cerca de cem peças que vão à leilão nesta semana, dez delas pertenciam à monarca francesa, a última rainha antes da Revolução que, para muitos, era o símbolo da arrogância da aristocracia. Historiadores, porém, consideram que a má fama em torno da figura da monarca foi exagerada também como forma de ampliar o ódio popular.

“Essa é a venda do século 21”, declarou o diretor da casa de leilão, Andres White Correal. Um pendente de diamante e pérola poderá ser avaliado em mais de US$ 2 milhões. Outras peçam podem chegar a mais de US$ 300 mil. Acompanhando um dos anéis, uma caixa ainda guarda fios de cabelo da rainha.

“Essa é uma das coleções mais importantes a chegar ao mercado”, disse Daniela Mascetti, também da Sotheby’s.

Relatos apontam que Maria Antonieta passou toda uma noite embrulhando suas pérolas e diamantes em algodão, antes de fugir. Eles foram colocados numa caixa da madeira de xadrez para dissimular. De Paris, o material foi enviado para Bruxelas e, de lá, para a Áustria, o país de origem da monarca.

Em 1792, a família foi detida em Paris e, um ano depois, Maria Antonieta e o rei foram executados. Seu filho de dez anos morreu ainda na prisão e apenas sua filha, Maria Teresa da França, sobreviveu. Depois de três anos em total isolamento numa prisão, ela foi solta e enviada para Áustria, em 1976. Lá, recebeu as joias de sua mãe.

Sem filhos, ela deixaria as mesmas pérolas e diamantes a sua sobrinha, Luiza, duquesa de Parma, que então repassou para seu filho, Roberto I, o último duque de Parma. Desde então, as joias estão com parentes dos monarcas europeus e, agora, chegam ao mercado.