Bogotá – A poucas horas do encontro que o presidente da França, Nicolas Sarkozy, terá com Lula na Guiana Francesa (marcado para esta terça-feira), os familiares dos reféns em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) enviaram uma carta ao francês, pedindo sua intervenção junto ao colega colombiano Álvaro Uribe para que este não tente resgatar seus colaboradores mediante uma manobra militar.
"Enviamos uma carta ao senhor presidente Sarkozy, na qual solicitamos que convença Uribe a desistir dos planos de libertação de reféns através de uma ofensiva militar", disse à rádio RCN a colombiana Fabiola Lasso, irmã do sargento Cesar Augusto Lasso, seqüestrado há quase dez anos.
O presidente francês não esconde sua vontade de contribuir ao processo de diálogo com os guerrilheiros e libertação dos reféns — sobretudo da franco-colombiana Ingrid Betancourt, ex-candidata à presidência da Colômbia e seqüestrada há seis anos –, aproveitando também para aumentar o grau de influência da França dentro do continente latino-americano.
No calendário internacional de Sarkozy, o encontro com Lula servirá justamente para discutir, além de questões bilaterais e negociações dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC), a delicada questão que Chávez tenta mediar: o intercâmbio humanitário entre 45 reféns das Farc e 500 guerrilheiros presos na Colômbia.
O marido de Betancourt, Juan Carlos Lecompte, afirmou hoje, desde Palma de Maiorca (Espanha), que "se a Colômbia tivesse outro presidente, Ingrid já estaria em casa há muito tempo, e também os outros reféns".
No dia 18 de junho de 2007, 11 deputados colombianos seqüestrados pelas Farc em 2002 morreram em fogo cruzado, durante uma tentativa de resgate de forças militares e paramilitares colombianas, que acabou em um confronto com os guerrilheiros. O governo acredita que eles tenham sido executados, enquanto as Farc o negaram em comunicado oficial, criticando a ação militar do governo de Uribe.