Em 7 de janeiro deste ano, jihadistas armados abriram fogo contra a redação do polêmico periódico francês Charlie Hebdo, famoso por fazer charges do profeta Maomé, deixando 12 mortos. Já se anunciava naquele momento que a ameaça terrorista seria uma das principais questões deste ano, culminando em novos atentados, novamente em Paris, que deixaram 130 mortos alguns meses mais tarde, em 13 de novembro.

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Em entrevista à ANSA, Salem Nasser, presidente do Instituto de Cultura Árabe (Icárabe) e professor de direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, explicou que os atentados são só mais uma face do Estado Islâmico (EI, ex­Isis), uma organização diferentes de todas as demais, que ocupa um território quase igual ao da Inglaterra entre a Síria e o Iraque. “É um marco em 2015 e ainda em 2016 deve dar o que falar”, disse.

Em novembro, terroristas atacaram a casa de shows Bataclan, causando 130 mortes. 

O Estado Islâmico começou a aparecer com frequência no noticiário internacional em junho de 2014, quando os jihadistas intensificaram uma ofensiva para tomar o controle de cidades importantes do norte do Iraque, apesar de sua fundação histórica datar do começo dos anos 2000.

O grupo, que ganhou fama por ser expulso da Al­Qaeda por “radicalismo extremo”, tenta estabelecer um califado sunita entre a Síria e o Iraque. Seu líder, o “califa”, é visto como sucessor político e religioso do profeta Maomé.

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Quando, em janeiro deste ano, 12 foram mortos no Charlie Hebdo, além de um um policial em Montrouge e outras cinco pessoas em um mercado judaico, todo mundo se assustou, mas poucos pensaram que este era um triste prenúncio para um episódio muito mais violento que assolaria a cidade meses mais tarde. Em 13 de novembro, Paris passou pelo inferno por uma noite.

Uma série de ataques terroristas coordenados, que ocorreram em menos de uma hora, foram registrados na área ao redor do Stade de France, onde é realizado um amistoso com a presença do presidente François Hollande, na casa de shows Bataclan e em ruas da região central, que resultam na morte de 130 pessoas. Os terroristas, oito no total, usaram metralhadoras, granadas e bombas, assim como coletes explosivos. Um dos cerca de 320 feridos conversaram com à ANSA.

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Cesar Lardon, que estava no Bataclan assistindo um show da banda norte­americana “Eagles of Death Metal”, ainda tinha os sapatos manchados de sangue quando deu a entrevista. Ele disse que os jihadistas atiravam a sangue frio naqueles que estavam em sua frente.

Na madrugada de 18 de novembro, batidas policiais em Saint­Denis, nos subúrbios de Paris, em busca de Abdelhamid Abaaoud, a “mente” por trás dos massacres, resultam em mais três pessoas mortas, entre elas da primeira mulher kamikaze na Europa, Hasna Ait Boulahcen. Após uma semana de eventos em Paris, o terror se moveu para Bruxelas, onde as autoridades, com medo de um ataque semelhante, bloqueiam a cidade no fim de semana, com veículos militares nas ruas, fechando o metrô e centros comerciais.

Pouco antes do episódio, o EI reivindicou o abatimento de um avião russo na Península do Sinai, que deixou 224 mortos. Semanas mais tarde, um casal abre fogo contra um centro de ajuda social em San Bernardino, Califórnia, deixando 14 mortos e causando pânico também nos Estados Unidos.