A organização Anistia Internacional pediu nesta terça-feira (28) aos Estados Unidos que suspendam a ajuda militar à Colômbia até que o país contenha um aumento nas mortes de civis cometidas por agentes de segurança. Em um relatório de 94 páginas, a entidade faz também outras recomendações para o fim do prolongado conflito armado colombiano e contesta as afirmações do presidente Álvaro Uribe de que a Colômbia assiste ao ressurgimento irreversível da paz. Segundo Uribe, há uma forte queda no nível de violência no país.

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A Anistia Internacional reconhece que os seqüestros e as mortes de civis relacionados ao conflito diminuíram desde Uribe assumir, em 2002. Além disso, a entidade aponta que algumas cidades são mais seguras, mas sustenta que isso é apenas parte da questão.

“A Colômbia ainda é um país onde milhões de civis, sobretudo fora das grandes cidades e no interior, seguem suportando a pior parte deste conflito violento e prolongado”, afirma o relatório. “A impunidade segue sendo a norma na maioria dos casos de abusos dos direitos humanos.”

A diretora da organização não governamental para as Américas, Renata Rendón, disse, em Washington, que vários indicadores alarmantes devem piorar. “As mortes relacionadas ao conflito, as execuções extrajudiciais, a morte de civis por paramilitares e por guerrilhas, as desaparições forçadas de mulheres e as mortes de sindicalistas aumentaram entre 2006 e 2007”, notou.

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Renata apontou que é preciso lembrar desses dados, enquanto o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressiona o Congresso para aprovar um tratado de livre comércio com a Colômbia. A direção do Partido Democrata rechaça o acordo apontando, entre outros temas, os assassinatos de líderes sindicalistas.

A Colômbia é o principal aliado de Washington na América Latina. O país já recebeu US$ 4 bilhões dos EUA desde a chegada de Uribe ao poder, a maioria em assistência militar.

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O relatório denuncia ainda fortes evidências de que os paramilitares seguem atuando em pontos do país. O governo colombiano afirma que um programa de desmobilização desmantelou essas milícias ultradireitistas. O texto afirma ainda que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) realizaram “alianças estratégicas” com paramilitares, para controlar melhor sua principal fonte de financiamento: o tráfico de cocaína.

O relatório, fruto de dois anos de pesquisas, chegou aos seguintes dados sobre o conflito na Colômbia: mais de 70 mil mortes, em sua maioria de civis; entre 15 mil e 30 mil vítimas de desaparições forçadas; entre três e quatro milhões de pessoas tiveram que fugir de suas casas por causa da violência; na última década, mais de 20 mil pessoas seqüestradas ou tomadas como reféns.