A Anistia Internacional, em seu relatório anual de 2011 sobre o “estado dos direitos humanos no mundo”, afirmou que o governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, abraçou muitas das políticas do seu antecessor, George W. Bush, o qual “comprometeu em grande parte a liderança americana no cenário mundial”. A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, também fez criticas por outras violações aos direitos humanos que ocorrem nos EUA ou pelas quais o governo americano é diretamente responsável, como as detenções de suspeitos de terrorismo na base naval de Guantánamo, em Cuba, detenções de civis feitas pelos EUA no Afeganistão, situação do sistema carcerário americano, violência contras as mulheres dentro dos EUA e uso da pena de morte no país.
O vice-diretor-executivo da Anistia Internacional nos EUA, Curt Goering, pediu que Washington seja mais consistente na sua abordagem sobre revoltas nos países árabes. “Não acrescenta nada à credibilidade dos EUA estarem prontos a conduzir operações militares para apoiar a democracia na Líbia e ao mesmo tempo apoiarem o governo e sua resistência a mudanças em outro país” como o Bahrein, disse ele à Associated Press.
O relatório também repara que os EUA continuam a usar a base de Guantánamo como prisão, que Obama prometeu fechar na sua campanha eleitoral em 2008, e critica a “ausência da prestação de contas” para o que classificou como crimes internacionais como o uso da tortura e os desaparecimentos durante o governo Bush.
O relatório anual da Anistia Internacional analisa a situação dos direitos humanos em quase todos os países. O documento é bastante crítico no caso do México, lembrando que mais de 34 mil pessoas foram mortas desde 2006, quando o presidente Felipe Calderón iniciou a guerra contra os cartéis do narcotráfico.
“Milhares de pessoas foram sequestradas e mortas por gangues criminosas. A polícia e os militares enviados para combater os criminosos, por sua vez, foram responsáveis por graves violações dos direitos humanos”, diz um trecho.
O relatório ressalta que imigrantes centro e sul-americanos que atravessam o México tentando chegar aos EUA “estão sujeitos a sequestros, estupros e assassinatos por gangues e frequentemente esses crimes são cometidos com o conhecimento, cumplicidade e até consentimento das polícias municipais, estaduais e federal”.
No caso do Brasil, o relatório destaca que muitas comunidades pobres continuam a sofrer uma série de abusos dos direitos humanos, incluída a expulsão das casas e locais que ocupam, bem como a falta de acesso a serviços básicos. “Embora algumas cidades tenham assistido a uma redução na taxa de homicídios, altos níveis de violência policial e do crime organizado nas favelas avançam iniquidades arraigadas”, diz um trecho.
O relatório elogia o esforço do governo para a redução da pobreza, mas ressalta que as iniquidades persistem. O relatório denuncia a atuação das milícias no Estado do Rio de Janeiro e aponta a atuação persistente de esquadrões da morte em vários Estados brasileiros, citando o Ceará e Alagoas, no Nordeste, e São Paulo, no Sudeste.