Animais são benéficos para a saúde

A interação com animais é extremamente benéfica à saúde física e mental. Sabendo disso, um grupo de pessoas voluntárias, acompanhado de seus cães, tem realizado verdadeiros milagres em instituições beneficentes, escolas especiais e asilos de Curitiba. São os integrantes do Projeto Cão Amigo & Cia., que promovem a chamada Atividade Assistida por Animais (interação entre pessoas e bichos de forma lúdica e terapêutica, com o objetivo principal de aumentar a qualidade de vida dos participantes).

Tudo começou no ano de 2003, por iniciativa da psicóloga Manuela Balliana Maciel. Ela iniciou estudos a respeito da atividade – já considerada comum em países como os Estados Unidos – e resolveu colocá-la em prática. Começou a fazer alguns experimentos com seus pacientes e seu próprio cachorro, constatou que o método funcionava e fundou o projeto, ao qual a cada dia se integram novos participantes. ?Para a realização dos trabalhos, contamos com pessoas voluntárias, diversos cães e uma chinchila?, comenta a integrante da equipe técnica do Cão Amigo, Josiane Bosa.

A ação dos voluntários consiste basicamente em levar cães e outros animais a instituições da capital, promovendo o contato dos mesmos com idosos, crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais. ?A partir daí?, diz a psicóloga Manuela, ?um trabalho de terapia começa a ser desenvolvido naturalmente. A Atividade Assistida por Animais não tem objetivos específicos, mas observamos que de forma espontânea os participantes realizam exercícios de fisioterapia e melhoram sua capacidade de comunicação?.

Benefícios

Manuela Balliana Maciel: ?Para a realização dos trabalhos, contamos com pessoas voluntárias?.

Segundo o arquiteto Renato Martins, que é coordenador dos trabalhos realizados pelo projeto em escolas especiais, já foi comprovado cientificamente que o contato com animais proporciona redução da pressão arterial, melhora o sistema imunológico, diminui a freqüência cardíaca e previne a depressão. Porém, os efeitos constatados pelos voluntários do Cão Amigo junto às pessoas atendidas têm sido bem maiores.

?Seja entre idosos ou entre pessoas com necessidades especiais, a interação com os animais contribui com o aumento da auto-estima, com o desenvolvimento da afetividade, melhora a comunicação, acalma e gera muitos sorrisos, além de ser uma atividade menos estressante do que as realizadas em terapias convencionais?, afirma. ?Nosso trabalho propicia maior contato com a natureza através dos bichos de estimação.?

Além de tudo o que foi citado, os voluntários revelam que notam alguns comportamentos específicos em diferentes locais atendidos pelo projeto. Em asilos, por exemplo, é verificado que as pessoas idosas deixam de falar de morte e de doenças e passam a lembrar da infância, do tempo em que tinham animais de estimação e mesmo de visitas anteriores dos animais que integram o Cão Amigo, recordando seus nomes e brincadeiras realizadas. Em escolas especiais, é percebido que pessoas com deficiências físicas, que muitas vezes não conseguem controlar o próprio corpo, ficam felizes ao notar que conseguem ter controle sobre os animais, podendo fazer com que um cão obedeça uma ordem de ?senta? ou ?deita?.

Já entre crianças que vivem em casas lares, tendo sido abandonadas pelos pais ou retiradas de famílias agressoras, o principal objetivo é o desenvolvimento da afetividade. ?Tentamos resgatar nas crianças o sentimento de amor incondicional, que muitas vezes elas não tiveram dos próprios pais e familiares. Através dos animais, as crianças podem reaprender a amar, aprendendo a respeitar o próximo e se tornando menos agressivas?, declaram Josiane, Manuela e Renato. ?Os bichos proporcionam carinho e atenção a todos. Não têm preconceitos e olham para a essência das pessoas, não ligando se estas são idosas, jovens ou se não possuem um braço ou uma perna. Por tudo isso, a Atividade Assistida por Animais pode proporcionar resultados bem mais rápidos e até melhores do que as terapias convencionais.?

Cães do projeto são grandes e dóceis

Os cães e outros animais utilizados pelo Cão Amigo pertencem aos próprios voluntários do projeto. Na maioria das vezes, são animais de grande porte e de temperamento bastante dócil, como por exemplo os cachorros das raças labrador e golden retriever.

Para se tornarem voluntárias, as pessoas precisam entrar em contato com a instituição através do site www.caoamigo.org.br e aguardar a realização de reuniões para escolha de novos integrantes do projeto. Nestas, os interessados recebem informações sobre os trabalhos realizados, conhecem as instituições atendidas e aprendem sobre Atividade Assistida por Animais.

Posteriormente, realizam uma visita a uma das entidades, ainda sem a companhia de seus animais, para ver como as coisas funcionam na prática. Caso gostem da experiência, têm seus animais testados. ?Fazemos testes para ver se os animais têm alguma atitude de morder caso tenham, por exemplo, as orelhas e o rabo puxados. São situações que podem acontecer durante as visitas às instituições. Só os animais dóceis são aprovados para o trabalho?, explica Renato.

Há também uma preocupação com a saúde e a higiene dos animais. No caso de cães, indivíduos cardíacos (que possam se assustar com barulho), que tenham otite, problemas de pele ou doenças de risco não podem participar. Para serem levados às instituições, os bichos também devem estar limpos, com as vacinas e o anti-pulgas em dia.

Instituições aprovam o trabalho

As instituições atendidas pelo Cão Amigo aprovam os trabalhos desenvolvidos pelos voluntários do projeto. O superintendente do asilo São Vicente de Paulo, padre José Aparecido Pinto, revela que as 160 senhoras que vivem no lugar esperam com ansiedade a visita dos animais.

?É fantástico o que os cães conseguem fazer dentro do asilo. Quando eles chegam, a alegria das idosas é grande. Através deles, elas conseguem suprir carências e a necessidade de dar e receber carinho?, conta.

Já na Escola Alternativa, que atende crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais, a coordenadora Claudia Ferreira diz que é evidente a animação dos alunos com a chegada dos animais. ?No começo, alguns estudantes tinham um pouco de medo dos cães. Hoje, eles se aproximam, brincam e fazem carinhos. É uma verdadeira festa.?

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