Analistas questionam se Paquistão escondia Bin Laden

A morte do terrorista Osama bin Laden despertou dúvidas de analistas sobre o envolvimento do governo paquistanês no caso. O líder da Al-Qaeda, cuja cabeça valia uma recompensa de US$ 25 milhões, foi morto após militares dos Estados Unidos invadirem seu esconderijo – uma residência de três andares, cercada por muros e arame farpado, num bairro de classe média de Abbottabad, cidade a apenas 60 quilômetros da capital do país, Islamabad.

O especialista em militância Rahimullah Yusufzai ainda lembrou que a casa fica perto da Academia Militar do Paquistão, onde são treinados oficiais. O local está a 1,5 km de onde Bin Laden foi pego. “As pessoas irão levantar questões sobre como eles (Bin Laden e seus companheiros) conseguiram chegar lá”, disse. Yusufzai acrescentou que a morte de Bin Laden deve aumentar a pressão sobre o Paquistão “pelos temores de que o número 2 da Al-Qaeda e outros líderes terroristas estejam se escondendo no território”.

Hoje também, a publicação online especializada em geopolítica Stratfor Global Intelligence levantou dúvida sobre há quanto tempo o Paquistão sabia sobre o esconderijo de Bin Laden. A entidade também questionou se os EUA esconderam a informação até a morte do terrorista, temendo problemas caso revelasse a informação mais cedo.

Reação do governo

Durante quatro horas após o presidente dos EUA anunciar que Bin Laden estava morto, o governo do Paquistão e seus líderes militares mantiveram silêncio. Só depois foi emitido um comunicado sobre o caso, mas o texto não informa quanto o Paquistão cooperou na ação. O Paquistão e os EUA afirmaram que a operação foi conduzida por forças americanas. Questionado sobre a extensão da cooperação paquistanesa na operação, o primeiro-ministro, Yousuf Raza Gilani, foi breve. “Eu não sei os detalhes”, falou Gilani, “mas em breve nós teremos cooperação de inteligência”.

Analistas lembram que o Paquistão pode estar sujeito a uma nova onda de vingança e ataques de militantes de grupos ligados à Al-Qaeda que já se opõem à aliança do governo paquistanês com os EUA. A principal facção do Taleban no Paquistão ameaçou atacar o país e os EUA, caso seja confirmada a morte de Bin Laden. “Essas pessoas são na verdade inimigos do Islã”, disse um porta-voz do Taleban, Ehsanullah Ehsan. Não há indício de que o ataque esteja relacionado à morte de Bin Laden, porém uma bomba explodiu perto de uma mesquita no noroeste do Paquistão, nesta segunda-feira, matando uma mulher e três crianças. As informações são da Dow Jones.

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