Após uma longa transição, o Egito deve se transformar em uma democracia, com o Exército exercendo enorme influência sobre o país. Alguns analistas mais céticos, porém, não descartam a possibilidade de a região permanecer uma ditadura, sendo um “Mubakarismo sem Mubarak”, como escreveu o analista Ellis Goldberg, professor da Universidade de Georgetown e da Universidade Americana do Cairo, em artigo publicado na influente revista Foreign Affairs.
Em Israel e em setores mais conservadores dos Estados Unidos, acredita-se ainda que a Irmandade Muçulmana possa tentar instalar um Estado islâmico no Egito. Analistas que conhecem melhor a região afirmam, porém, que os defensores desta tese desconhecem o Egito e a organização islâmica.
Segundo a consultoria de risco político Eurasia, que há meses alertava seus clientes de que este seria o último ano de Mubarak no poder, a transição não será fácil. “Mas os dois lados (militares e oposição) devem chegar a um denominador comum em uma atmosfera política mais aberta, eleições transparentes e o fim do Estado de emergência. O resultado será uma democracia limitada em que as Forças Armadas manterão um importante papel”, diz o analista Hani Sabra.
Goldberg não discorda de Sabra, mas avalia que a democracia será ainda mais limitada porque os militares “não querem ver seus interesses econômicos em risco”. “O mais provável é que ocorra um lento golpe e o retorno para o autoritarismo militar de décadas atrás”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.