O candidato que vencer as eleições presidenciais paraguaias deste domingo (20), seja qual for, terá problemas de governabilidade, entre outros motivos, porque não terá maioria parlamentar, opinou na sexta-feira (18) um analista político. As eleições, em que serão escolhidos presidente e vice-presidente, senadores e deputados nacionais, governadores e juntas departamentais dos 17 departamentos (estados), estão acirradas.

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Pela primeira vez em 61 anos ininterruptos de governo colorado, o partido não é o favorito, as últimas pesquisas dos principais diários localizam a candidata governista, Blanca Ovelar, cerca de seis pontos atrás do favorito, o ex-bispo Fernando Lugo, 56 anos, que encabeça a coalizão opositora Aliança Patriótica para a Mudança (APC). Lugo mantém essa ligeira diferença sobre Ovelar, de 50 anos, e também sobre o general da reserva Lino Oviedo, 63 anos, de modo que o Parlamento se dispersaria nas mãos de três importantes forças.

"Eu creio que ninguém que saia vencedor terá maioria, porque apesar de falarem muito de um pacto, entre o Partido Colorado e o Unace, de Oviedo, as coisas nunca são matemáticas", declarou à ANSA o sociólogo e analista político Alejandro Vial.

"Creio que os três teriam problemas de governabilidade", opinou, acrescentando que se a candidata colorada ganhar com uma margem estreita, os problemas de governabilidade poderiam ser maiores, já que além dos problemas com as outras forças políticas, Ovelar enfrenta uma divisão interna dentro de seu próprio partido.

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Vial se referiu desse modo às internas coloradas. Outro pré-candidato, o ex-vice-presidente da república Luis Castiglioni, se considera vencedor e acusa o governismo colorado de ter fraudado os resultados. Até hoje, Castiglioni não apóia a candidata de seu partido. Ainda que tenha deixado seus partidários livres para decidir, muitos adotaram sua posição.

O sociólogo notou também que, nestas eleições, o discurso dirigido aos pobres, que era historicamente empregado pelos colorados em oposição aos demais partidos, considerados representantes da oligarquia, ganhou novos propagadores. Tanto Lugo como Oviedo levantam as bandeiras das classes baixas e prometem resposta a seu abandono histórico.

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"Eu vejo que é a primeira vez nas últimas décadas deste país que o público se mistura com o privado", disse também o sociólogo, explicando que o tema das eleições desta vez penetrou nos lares, que as pessoas estão preocupadas com a situação.

Para ele, esse cenário advém do fato de que, há algumas décadas, a sociedade se tornou predominantemente urbana. "Isso gera mudanças de fundo, e assim as pessoas que antes votavam por tradição, hoje apóiam candidatos não tradicionais, como Oviedo e Lugo", disse.

No Paraguai, prevaleceu tradicionalmente um forte bipartidarismo, com predomínio absoluto dos partidos Colorado e Liberal — o último, agora aliado com Lugo. O presidente Nicanor Duarte Frutos ofereceu nesta sexta-feira garantias à população, e disse ter determinado às forças públicas que "dêem proteção à integridade física, ao patrimônio e aos direitos políticos dos cidadãos".

"Espero que este processo eleitoral tenha absoluta legitimidade e que os resultados das eleições não sejam discutidos", disse o presidente em uma entrevista coletiva.