O chanceler Celso Amorim relatou, esta tarde, em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, conversa que teve pelo telefone com o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya. Na conversa, que ocorreu logo após a volta de Zelaya ao país, o presidente deposto teria se comprometido a tratar de seu retorno ao governo de maneira “pacífica e por meio de diálogos”. “Diria até que, apesar das reclamações, tivemos êxito, porque não teve nenhum ato de violência dos seguidores de Zelaya. Os atos que teria resultado em morte foram atos da repressão do governo golpista”, disse o chanceler.
Amorim também avaliou que a situação em Honduras, é “única e singular nas relações internacionais”. “Não me lembro de um governo de facto que tenha sido tão unanimemente condenado. Toda a comunidade americana, através da Organização dos Estados Americanos (OEA), e toda comunidade internacional, através da Organização das Nações Unidas (ONU), negaram reconhecimento ao golpe. É uma situação sui generis”, disse.
Segundo Amorim, a crise em Honduras é uma situação “difícil” para o Brasil, mas que o governo brasileiro “não tem muito o que fazer, a não ser aguardar o resultado de negociações com a OEA e a ONU.”
O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), criticou o uso político que Zelaya faz do abrigo que lhe foi concedido na embaixada, de onde convoca a população a fazer manifestações contra o governo militar. Azeredo disse que o Brasil não pode aceitar que sua embaixada seja cercada – como está – por forças militares, mas, ao mesmo tempo, não pode tolerar seu uso político.