Apesar de defender uma solução negociada para o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano na Organização das Nações Unidas (ONU), o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ensaiou um discurso mais enfático a favor do desarmamento global.
Durante aula magna na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o chanceler cobrou dos Estados Unidos um apoio mais amplo à eliminação de armas nucleares no Oriente Médio e reforçou a proposta de reforma imediata do Conselho de Segurança da ONU – cujos cinco membros permanentes (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China) são considerados potências nucleares.
“Há hoje uma assimetria entre o fato de os países serem membros do Conselho de Segurança e serem potências nucleares. Isso não é só uma fonte de desequilíbrio, mas também uma fonte de deslegitimação das decisões do Conselho”, afirmou Amorim. O ministro avaliou que a inclusão de países como Brasil, África do Sul e Alemanha como membros permanentes tornaria o órgão mais representativo.
Para Amorim, o status de potência nuclear não representa mais peso político no cenário internacional e, por isso, o poder dado aos membros permanentes deve ser redistribuído. “Acreditamos que haverá essa reforma porque o mundo não pode mais resolver problemas tendo como foro países que eram potências após a 2ª Guerra Mundial. Até os membros permanentes têm consciência disso.”
O chanceler brasileiro reiterou a posição do País – atual membro rotativo do Conselho de Segurança – em relação às propostas de sanções contra o Irã por conta do programa nuclear da república islâmica. “Nossa postura é muito enfática. Nós somos contra armas nucleares e nós somos a favor de um Oriente Médio livre de armas nucleares. Os EUA poderiam apoiar essa tese, por exemplo, que o Brasil apoia”, disse, após o evento.
Amorim considerou prejudicial contemplar a sanção como única saída para o caso, mas negou que a postura brasileira na ONU seja de defesa do Irã. “Nós somos a favor de eliminação de armas nucleares em geral e somos a favor de inspeções no Irã que deem garantias à comunidade internacional de que eles não estão produzindo uma arma nuclear. É preciso que eles (os iranianos) demonstrem certa flexibilidade.”
