Em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu hoje que o Irã poderia entre 8 e 9 meses acumular quantidade de urânio suficiente para produzir armas nucleares. “Era o tempo de começar a criar confiança e ter outras medidas no que diz respeito ao enriquecimento de urânio a 20%”, defendeu.

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Após a assinatura do acordo, o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Ali Akbar Salehi, declarou que o regime de Mahmoud Ahmadinejad continuaria com o trabalho de enriquecimento de urânio.

Amorim explicou que, após a saída de 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido para a Turquia – como prevê o acordo -, sobrariam àquele país outros 1,2 mil quilos, quantidade insuficiente para a produção do artefato, segundo estudos de inteligência de países “que não morrem de simpatia pelo Irã”.

“Não sou especialista em bomba atômica, mas a melhor informação que tenho é de que, no mínimo, são necessários 2 mil quilos para produzir uma bomba atômica rudimentar, supondo que não haja inspeção nem que o urânio esteja controlado.”

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A AIEA acredita que o Irã produziu quase o dobro da quantidade de urânio enriquecido que os países ocidentais querem que seja retirado do país.

Sanções

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O ministro também observou que, embora o País não tenha predisposição favorável a sanções, respeita as decisões do Conselho de Segurança da ONU. “O Brasil tem interesse em encontrar soluções pacíficas. Como membro do Conselho de Segurança, permanente ou não, temos uma responsabilidade perante à comunidade internacional”, afirmou Celso Amorim.

Segundo o ministro, o governo brasileiro foi instado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, por enviados norte-americanos e outros líderes a estabelecer uma interlocução com o Irã. “Um deles, de outro país ocidental, disse ao nosso presidente, `É bom que vocês tenham amigos que eu não tenho'”, disse.

Amorim fez críticas à postura da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que comentou que Brasil e Estados Unidos têm “divergências muito sérias” sobre a questão. “Não vou comentar, mas digamos que estava com uma postura parecida com aquele tipo `Não li, não gostei’ ou `não vi, não gostei’, isso é uma avaliação minha. Já não havia a expectativa de que houvesse um acordo, veio o acordo e aí agora é preciso desqualificá-lo.”