O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, viajará para Turquia, Rússia e Irã nos próximos dias, para preparar a visita oficial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará a Teerã dia 15 de maio. A informação foi divulgada hoje pelo próprio Lula, no Palácio do Itamaraty, pouco depois de se despedir do presidente do Líbano, Michel Suleiman. O Líbano é o país que presidirá o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em maio, justamente o mês em que o presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, planeja colocar em votação uma resolução prevendo novas sanções contra o Irã.
Amorim embarcará hoje para Istambul, onde terá encontros, no sábado, com autoridades turcas. No domingo, o chanceler estará em Moscou e, nos dias 26 e 27, será recebido em Teerã pelo presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, e pelo chanceler, Manouchehr Mottaki.
Lula disse que a finalidade da visita ao Irã é a de encontrar uma saída para resolver o impasse entre esse país e o Conselho de Segurança das Nações Unidas em torno do programa nuclear iraniano. Lula afirmou que, pelo fato de o Brasil ser um país pacífico e ter na sua Constituição uma proibição clara ao desenvolvimento de armas nucleares, tem autoridade moral e política para tratar dessa questão.
Na avaliação de Lula, a discussão sobre a paz no mundo não é mais um privilégio de poucos, e sim dos que têm autoridade para tratar do assunto. O presidente afirmou que ainda é possível ao Irã e aos países do Conselho de Segurança da ONU chegarem a um acordo, mediado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Lula reafirmou que o Irã tem o direito de desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos, assim como o Brasil, e argumentou que, diante dos desafios de mudança climática, a energia nuclear será mais requisitada, por ser considerada limpa. “Queremos dizer para o mundo e para o Irã que o limite é manter a paz”, afirmou. Em seguida, reforçou a idaia de que o Brasil pode “compatibilizar” as divergências entre o Irã e as potências nucleares.
Questionado se não será um risco para sua biografia interferir nessa questão polêmica, Lula respondeu que o risco maior seria “se omitir”. A uma pergunta se teria certeza de que o Irã não desenvolve um programa nuclear militar, Lula disse que ninguém pode ter certeza de que os Estados Unidos e outros países não queiram a guerra. Lula disse que não tratou da questão iraniana com o presidente do Líbano e explicou que o assunto é estratégico para o País que preside o Conselho de Segurança. “Acho que vai prevalecer a maturidade e que vão decidir o que é mais seguro para se atingir a paz”, completou o presidente.