O chanceler Celso Amorim deixou claro ontem que as medidas tomadas em Honduras nos últimos dias não farão com que o Brasil normalize as relações com o novo governo. O ministro indicou que “não tem pressa” em rever a posição do País e alertou que, primeiro, acompanhará como as forças políticas que foram depostas serão tratadas pelo presidente Porfírio “Pepe” Lobo. “No momento, não há o que mudar (na posição do Brasil)”, disse.
Para Amorim, a decisão do Brasil de hospedar o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, na embaixada evitou uma violência maior. Em Genebra, na Suíça, o chanceler insistiu que as medidas tomadas nos últimos dias para garantir a saída de Zelaya do país, como a anistia e outras iniciativas, “só ocorreram por que Zelaya estava na embaixada”. “Caso contrário, (Roberto) Micheletti ficaria até o ultimo dia”, afirmou.
Ontem, horas após o presidente eleito Porfírio Lobo tomar posse em Honduras, Zelaya partiu para o exílio em um avião cedido pela República Dominicana, encerrando uma crise política que já se estendia por oito meses. Amorim disse não estar satisfeito com o desfecho. “Mas é melhor do que aquilo que poderia ter ocorrido.” Em sua avaliação, as medidas anunciadas nos últimos dias foram “passos em uma boa direção”. “Isso, porém, não mudará o que pensamos sobre o processo eleitoral.”
Amorim afirmou que o governo não apresentou uma lista de condições às novas autoridades em Honduras. “A única condição era que Zelaya voltasse. Agora, veremos como as coisas evoluem.” O chanceler admitiu que também acompanhará como os países vizinhos de Honduras tratarão a situação.